quinta-feira, 25 de março de 2021

Desista, Queiroga, desista! Não tente fazer como Pazuello, o nosso herói decaído.

Cena da retirada de Dunquerque: aprenda com a História, Pazuello!

A saída do general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde marca uma efeméride na história do Brasil.

Em cinco séculos de história, ele foi o pior, o mais incompetente, o mais biruta, ridículo e desnorteado ministro da Saúde que o Brasil já teve.

Como ministro, Pazuello virou meme, piada, chiste, bazófia.

Como ministro, Pazuello também virou a voz do desgoverno.

Um desgoverno que levou, por exemplo, a cenas desesperadoras de pessoas morrendo por falta de oxigêncio em Manaus, tragédia que ensejou o Supremo Tribunal Federal a autorizar a abertura de uma investigação que pode resultar na responsabilização - penal e civil - de Pazuello e de quem, com ele, eventualmente tenha concorrido com ações ou omissões para os horrores que todos vimos.

Pazuello deixou o governo esgrimindo - por voz própria ou pela voz de alguns de seus ex-assessores - números e fatos (hehehe) que indicariam ter sido ele quase um herói da pandemia.

Lendo ou ouvindo essas baboseiras, tem-se a impressão de que Pazuello foi o valente e destemido soldado que lutou sozinho contra a pandemia. E venceu-a!

É cômico, não fosse trágico! 

Biografias tisnadas - Eduardo Pazuello, ao que se sabe, é um militar que se mostrou, em sua trajetória na caserna, competente, dedicado e, segundo se diz, especialista em logística.

Não se pode - e nem se deve - duvidar dos méritos do militar Eduardo Pazuello.

Como ministro da Saúde, todavia, ele foi uma tragédia. E acabou tisnando sua biografia - como ministro e como militar. Tisnou-a duplamente, portanto.

Por que assumiu o risco de tisnar sua biografia, aceitando o encargo de encarar uma tarefa para a qual - viu-se logo desde seus primeiros dias no Ministério da Saúde - não estava preparado?

Porque o Pazuello ministro resolveu incorporar e agir como o Pazuello general.

O que para um cidadão civil é um encargo, um dever, uma atribuição, para um militar é uma missão. E poucos militares em missão conseguem intuir o seguinte: recuar da missão, desistir da missão pode ser também, dentro um determinado contexto, dentro de uma determinada circunstância, um ato de inteligência, de patriotismo. E pode representar, não raro, a preservação da vida. Ou de vida. Milhares, milhões de vidas.

Em suas alocuções, Pazuello invariavelmente usava o jargão, os conceitos e os princípios militares - inclusive os aplicados nas guerras - para compará-los às suas atribuições, aos seus fazeres e afazeres como ministro.

Pena que as referências de Pazuello em relação a estratégias de guerras limitem-se apenas aos velhos conceitos do nunca desistir, jamais desistir, sempre persistir na missão.

Leia, Pazuello, leia! E veja como você
foi muito melhor que Churchill. Sóquinão!
Que bobagem!

E que trágico acabou sendo o Pazuello ministro acreditar nisso.

Remember Churchill - Pazuello, acho, deve conhecer Churchill.

Se ainda não o conhece, indico-lhe, por exemplo, O Esplêndido e o Vil, livro que acabei de ler há uns dois meses e que, sem dúvida, é a obras mais impressionante, comovente, humana e ao mesmo tempo heroica de quantas já li (e foram várias, devo dizer) sobre o homem que liderou a Grã-Bretanha e ajudou a conduzir o mundo na vitória contra o nazismo.

Qual foi um dos grandes momentos de Churchill? Foi, como todos sabem - não sei se Pazuello sabe - A Retirada de Dunquerque.

O que foi a A Retirada de Dunquerque? Todos sabem - não sei se Pazuello sabe: foi uma desistência, um recuo, uma volta para trás, foi descontinuar a missão, interrrompê-la, suspendê-la.

Não fosse isso, as forças britânicas teriam sido dizimadas.

Depois do recuo, e para instilar ânimo em seus compatriotas, Churchill fez aquele famoso discurso em que disse, entre outras coisas: "Lutaremos nas praias, lutaremos nos terrenos de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; nunca nos renderemos".

Pois é.

We shall never surrender.

Aprenda, Pazuello, aprenda!:
recuar não é se render

Churchill prometeu nunca se render após um recuo, uma desistência. Após descontinuar a missão e dar um passo atrás.

Depois disso, os britânicos restauraram suas forças, voltaram à luta, lutaram e enfrentaram um massacre de mais de um ano da força aérea alemã. Mas ganhariam a guerra mais à frente.

Como já não é ministro, lamenta-se que Pazuello não possa mais rever seus conceitos nesta verdadeira guerra que é o combate à pandemia.

Espera-se apenas que seu sucessor seja, pelo menos, um pouco menos pior do que ele.

E que o País - exclusive Bolsonaro, fique bem claro - possa vencer esta guerra que já ceifou, só no Brasil, mais de 300 mil vidas.

Ah, sim.

E se Marcelo Queiroga não estiver conseguindo cumprir a missão que lhe prescreveu o cientista Jair Bolsonaro?

Se tal acontecer, desista, Queiroga. Desista.

Não faça jamais como Pazuello fez.

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