Quando qualquer pessoa, do mais anônimo cidadão
ao presidente da República, precisa explicar o que disse, após repercussões
enviesadas de declarações anterior, então é sinal que disse o que não devia ter
dito. Simples assim.
Depois do escândalo do vídeo abjeto e obsceno, que atirou no esgoto o decoro presidencial, o
Capitão dá outra demonstração - evidente, inequívoca, clamorosa e (por último,
mas não menos importante) risível - de que seus bons discursos são aqueles em
que ele pronuncia calado. Seus bons discursos são aqueles em que ele não fala.
Sim, como já se disse aqui, em postagem
anterior, Bolsonaro, calado, é o melhorgaroto-propaganda do planeta.
A última do Capitão foi seu discurso no 211°
aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais. Ouviu-se do presidente o seguinte:
“A
missão será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que
amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem
aproximação com países que têm ideologia semelhante à nossa, daqueles que amam
a democracia e a liberdade. E democracia e liberdade só existem quando as suas
respectivas Forças Armadas assim o querem”.
Hehe.
Depois dessa absurdez, entraram em campo várias
pessoas para explicar o que foi tido.
Entraram em campo, inclusive, generais. Ou seja: era melhor que o Capitão
continuasse calado e não se aventurasse em externas conceitos sobre o que,
parece, não entende.
O Capitão, pra dizer o que disse, ainda devia estar
sob o efeito do golden shower de
xingamentos e impropérios estridentes, que tomaram conta de todo o País durante
o Carnaval e o tiraram do sério, a ponto de levá-lo a publicar o vídeo
pornográfico após consultar Carluxo, o pitbull do governo de papai.
A democracia e a liberdade, ao contrário do que
imagina o Capitão, não são uma concessão de ninguém, muito menos das Forças
Armadas.
As Forças Armadas, e os princípios que as
embasam, devem sempre ajustar-se ao arcabouço institucional em que se assenta
qualquer Nação.
No caso das Nações democráticas, as Forças Armadas
não são fiadoras de nada. Elas estão subordinadas ao Estado Democrático de
Direito. Dentro desse esquadro é que devem agir. Apenas e tão somente isso.
E isso acontece com todos os segmentos – a classe
política, os médicos, os professores, os garis, os jornalistas, os advogados,
os profissionais liberais – todo mundo, enfim.
Democracia e liberdade, Capitão, são a expressão
de um pacto político que a sociedade faz em todos os seus segmentos, inclusive
as Forças Armadas.
Ao externar esse disparate, o Capitão mal
consegue disfarçar sua visão militarista do mundo. Da mesma forma que o vídeo
pornográfico externou sua visão muito particular e até divertida, segundo a
qual escatologias como as protagonizadas publicamente pelos dois malucos só
podem ser coisa de esquerdistas, esquerdopatas, comunistas ou coisa que o
valha.
E se os dois homens tiverem votado no Capitão?
Alguém já os chamou pra saber isso?
Enfim, é como já dito e redito: o Capitão sempre fez seus melhores discursos quando está
calado.
Aliás, foi praticamente calado que ele ganhou a
eleição, né?
Carluxo e o exército de militantes, guerreando
com fake News em punho, é que se encarregaram de fazer o resto.
E está dando nisso a que todos estamos
assistindo.
Em meio a golden
showers intermináveis, vale dizer.
Um comentário:
Tenho convicção que o Presidente Bolsonaro sabe o que é democracia, bem como sabe qual a missão constitucional das Forças Armadas, pelo jeito quem não sabe são muitos dos ditos intelectuais e parte da imprensa.
O choro é livre e pelo jeito vão continuar chorando
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