terça-feira, 17 de novembro de 2015

Bandidos assaltam PMs. Não é piada. É gravíssimo.


O nível de violência em Belém chegou a um tal ponto que tudo aquilo que seria - em condições normais de temperatura e pressão -, inadmissível, intolerável e implausível, acaba se transformando em algo tão inacreditável que certos episódios ficam parecidos com os que a gente vê em comédias do gênero pastelão.
Mas o certo é certos episódios que parecem piada, quando ocorrem na vida real, como se diz, não devem ser tidos como piada, não.
Porque são sérios.
Muitíssimo sérios.
Ou porque são graves.
Muitíssimo graves.
Bandido assaltar policiais militares pode até parecer engraçado à primeira vista. Mas, no fundo, não tem graça nenhuma nisso.
Não mesmo.
Porque episódios assim demonstram, nua e cruamente, a dimensão dos riscos a que nós, cidadãos comuns, desarmados e indefesos, estamos expostos em meio à violência avassaladora, cruel, devastadora.
Pois acreditem: por volta das 9h30 de ontem, na rua Stélio Maroja, próximo à avenida Pedro Álvares Cabral, no bairro do Barreiro, em Belém, o coronel Dilson Barbosa Soares Júnior, diretor de Pessoal da corporação, e o sargento Cláudio Holanda, que dirigia o automóvel Etios prata, pertencente à PM, foram assaltados por dois homens, ambos de 19 anos.
Portando uma pistola ponto 40, eles roubaram objetos pessoais dos agentes e uma pistola do sargento, de mesmo calibre. No final da manhã, a dupla foi presa, mas as armas não foram localizadas.
Além da pistola do sargento e de dois carregadores contendo dez munições, os dois oficiais tiveram roubados os dois aparelhos celulares, carteiras porta-cédulas com dinheiro e documentos pessoais, além de uma pasta contendo documentos.
Então é o seguinte.
Se um coronel da PM - a mais alta patente na corporação - e um sargento são presas fáceis de bandidos, por que estranhar-se quando vítimas são atacadas numa praça, a poucos metros de um batalhão do Exército tocando bumbo para criancinhas marcharem?
Se um coronel da PM - a mais alta patente na corporação - e um sargento são presas fáceis de bandidos, por que estranhar-se quando um bando armado invade hospital para executar suspeito da morte de PM?
Se um coronel da PM - a mais alta patente na corporação - e um sargento são presas fáceis de bandidos, por que estranhar-se quando um bando armado tenta invadir uma penitenciária para resgatar coleguinhas presidiários?
Se um coronel da PM - a mais alta patente na corporação - e um sargento são presas fáceis de bandidos, por que estranhar-se quando todos os dias, o dia todo, a população de Belém fica exposta à violência incontrolável?
Quando essas ocorrência são registradas no cotidiano de violência, nós todos estranhamos porque ainda temos a noção - natural, lógica e racional - de que em qualquer sociedade, ora bolas, os bandidos é que devem estar atrás das grades e, se estão fora, devem temer a polícia, uma das expressões mais concretas da faculdade intransferível do Estado para garantir a segurança pública.
Mas não é assim que funciona em Belém, não.
Aqui, os cidadãos é que estão atrás das grades, com medo dos bandidos.
Aqui, os bandidos é que estão à solta, atemorizando, aterrorizando todo mundo.
Aqui, bandidos assaltam os mocinhos.
Aqui bandidos assaltam policiais militares.
Acreditem - acreditemos - que é assim.
Parece até piada, mas não é.
Isso é sério.
Seríssimo.
Isso é grave.
Gravíssimo.

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