quarta-feira, 12 de setembro de 2012
O 11 de Setembro é nosso
Neste 11 de setembro, não temos por que olhar apenas para o norte da América. Não obstante a humanidade tenha sido marcada neste dia, o Brasil tem seus próprios dramas. É impossível ignorar o contexto em que vivemos. Há números que nos envergonham. Vivemos um 11 de Setembro permanente. Desgraça. Morte. Corrupção. Violência contra o corpo e contra a alma. Brasil, primeiro do mundo no uso do crack. Nação de jovens agonizantes, cuja expectativa de vida não alcança a metade dos septuagenários comuns. Um exército corre veloz para a morte enquanto o governo promete fazer alguma coisa. Fará, acenando à borda do abismo enquanto abre caminho a novos grupos, que hoje ainda podia salvar do precipício. Brasil, segundo mercado consumidor de cocaína. País que do tráfico e agora se tornou o próprio usuário. Milhares de milhares. Morte anunciada. Inimiga de todas as classes. Câncer branco. Morte em pó. Brasil, nação envenenada de álcool e fumo. Maiores despesas na área da saúde e da previdência. País de adolescentes ébrios, jovens dependentes e adultos perdidos. Território das maiores indústrias etílicas do planeta, onde se morre “socialmente”.
11 de Setembro multiplicado por todos os meses, por todos os bares, verdadeiras cruzes de morte nas esquinas das nossas ruas. Brasil, do 11 de Setembro na saúde pública. Do aborto incentivado pela permissividade oficial, que distribui camisinha e ensina promiscuidade nas escolas. Pátria de milhares vitimados pela Aids. Atentado fatal nos hospitais públicos, onde doentes são arrastados pelo chão e morrem clamando atendimento.]
11 de Setembro que não passa. Estatística estática. Brasil, que mata seus filhos no trânsito. Estradas de morte. Ruas assassinas. Faixas de pedestres pintadas com o sangue de estudantes, crianças e velhos. Onde ainda se discute a intenção do crime daquele que não se importa com a vida. Dolo indiscutível. Genético. Cultural. Procurem no Código sua eventualidade.
11 de Setembro que zomba de guerras. Brasil, onde ocorrem dez por cento de todos os homicídios do mundo. Um milhão e cem mil em trinta anos. Média imperfeita contra os atuais cinquenta mil assassinatos. Um milhão e meio em 2042. Uma nação morta convive conosco. O 11 de Setembro está aqui. Todo dia. Toda hora. Em todo lugar. Brasil, terra de ídolos. Idolatria viva. Nação que paga cinquenta mil a um jogador e seiscentas merrecas para o assalariado.
11 de Setembro lúdico. Torpe. Injusto. Discutível de todos os ângulos deixou de ser apenas o itinerário da inteligência. Terra da bola mágica, que seduz e encanta mas não distribui riquezas. Retira. Aliena. Mata, quando em triângulo amoroso Brasil, chão fecundo de administradores vorazes. Loucos pela causa pública. Loucos por expropriar a Nação.
11 de Setembro permanente nas casas políticas, onde não faltam “extremistas”. Riquezas de todos em mãos cerradas. Tesouros comuns com títulos próprios. Corrupção. Desgraça nacional. 11 de Setembro que destrói escolas e transforma sonhos em pó. Brasil, campo fértil da fé. Nação que fala muito em Deus, mas onde o Diabo corre solto. Pregação de prosperidade que ignora o estudo e o trabalho. Pastores milionários, rebanhos paupérrimos. Onde é possível o casamento do sagrado com o profano. Do álcool com a fé.
O pior 11 de Setembro, que aniquila além do corpo, mas atinge igualmente espírito e alma. Temos motivo para olhar este Brasil. O 11 de Setembro é verde e amarelo. O 11 de Setembro é nosso. Com o álcool e direção.
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RUI RAIOL é escritor
www.ruiraiol.com.br
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