quinta-feira, 8 de setembro de 2011

LIvro cheio de palavrões assusta alunos do Cesep Belém

Golpe de Vista: a "realidade" recomenda?
Mães de alguns alunos da 6ª Série do Cesep Belém, aquele ali da Alcindo Cacela com a Pedro Miranda, estão indignadas.
E mais do que isso, espantadas.
Seus filhos, crianças na faixa etária de 11 a 13 anos, chegaram em casa, nesta semana, com uma tarefa, indicada pela professora da disciplina Língua Portuguesa: lerem o livro Golpe de Vista, da Atual Editora. Depois, cada um deverá fazer o resumo de determinados capítulos da história.
Até aí, nada demais, porque ler é bom - aliás, é ótimo - e muita gente gosta.
Mas as próprias crianças - e não foram nem suas mães -, ao abrirem o livro, depararam-se, elas mesmas espantadas, com termos assim: puta merda, porra, bosta, filho da puta, vagabundo, periquita (o termo chulo que indica o órgão sexual feminino), sacanagem, sua vaca e vá à merda, entre outros.
De que trata a obra? Conta a história de um deficiente visual que sofre os horrores do preconceitos.
"Golpe de vista confronta preconceito e solidariedade, alegrias e tristezas da vida real. Constrói-se com diálogos descontraídos e às vezes chocantes entre as personagens, que buscam representar a essência nua e crua da realidade", resume a editora, em seu próprio site.
E por que os palavrões?
"Palavrões e expressões chulas são às vezes necessários, até pelas reações passionais das personagens. Há quem diga ser o diálogo o ponto forte das minhas histórias. Acredito. Afinal, gosto de conversar, e minhas personagens são naturalmente conversadoras. Muitas delas são construídas e se desnudam por meio das falas que têm", explica o autor, Vilmo José Palaoro.
Uma leitura como essa é indicada para crianças ainda em formação?
Os palavrões são necessários para fazer com que os alunos da 6ª Série do Cesep tomem contato com "personagens construídas e desnudadas por meio de suas falas?"
Não digam as mestras do Cesep que palavrões como esses - quase todos - são conhecidos da maioria das crianças na faixa dos 10 aos 13 anos e que, como termos chulos fazem parte da realidade, convém colocá-las em contato com esse ambiente, digamos, real.
Que as mestras nem digam isso, se é que virão a dizer, caso lhes perguntem.
Porque se é verdade que a maioria dos palavrões é conhecido das crianças e se elas precisam se ambientar à realidade que as rodeia, então também será verdade que as crianças poderão logo entrar em contato com um parte - pelo menos um parte - do ambiente que se acoberta nos motéis de Belém, por exemplo, porque isso também faz parte da nossa realidade, não é?
Há livros e livros - infanto-juvenis - que abordam as questões delicadas sobre o preconceito e a discriminação - contra homossexuais, contra portadores de necessidades especiais, contra negros etc.
Em Belém, há trocentos e tantos profissionais que dispõem de uma rica, preciosa gama de informações sobre preconceito e discriminações. Eles poderiam, por meio de palestras e outras atividades, ambientar os alunos a essa realidade, sem colocá-los em contato com os palavrões proferidos, numa história, por "personagens construídos e desnudados por meio de suas falas".
Por que, então, indicar-lhes um livro como Golpe de Vista.
O poster não leu a obra. Leu apenas alguns trechos.
Parece excelente.
A história é concacetenada.
E o gancho que o autor pegou para construí-la é bem adequado, bem atual.
Aliás, os palavrões são empregados num contexto perfeito. Não estão ali à toa, apenas para chocar.
O que se discute aqui, portanto, não é a qualidade da obra, mas a sua pertinência, a sua adequação para aos alunos de faixa etária idêntica os da 6ª Série do Cesep Belém, para os quais a leitura foi indicada.

É a mesma coisa se a professora mandasse seus alunos fazerem um resumo de Ulysses, do Joyce, que muitos apontam como a obra mais complexa, mais hermética da literatura mundial. Por que não indicaria? Porque seus alunos não entenderiam o livro.
Ao contrário, indicou-lhes uma boa obra, de leitura acessível, de tema atual, mas inadequada para a leitura de alunos de 11 a 13 anos.
Ou não?

9 comentários:

Anônimo disse...

Tem gente que pensa que o seu contexto deve ser o mesmo dos outros ou para os outros;
A arte deve ser o belo criando o bom.
O que estiver fora disso não é arte e sim mais uma forma exdrúxula da livre manifestação do pensamento.
Aliás, esse contexto de palavrões geralmente é lido em processos penais, nos quais a denúncia narra o sujeito agridindo sua vítima com palavras de baixo calão, exatamente essas mencionadas pelo livro.
Aprendam, então, como não deve se comportar o ser humano. Ao menos isso!

Anônimo disse...

Quando adolescente,li um excelente livro cristão, chamado algo como "A cruz e o punhal" (David Wilkerson), sobre gangues nova-iorquinas. Para falar sobre violência não é necessário utilizar palavrões, basta criatividade. Mas a violência que vivemos hoje é também reflexo de uma sociedade sem Deus e sem a valorização da família e da educação em casa e fora dela. Sobre o livro ser adequado ou não (não li), a vida já ensina palavrões de mais e Deus de menos.

Anônimo disse...

Capaz de ainda aparecer alguém pra dizer que isso é " uquiá de maisss mudernu" na pedagogia.

Anônimo disse...

As Escolas ditas "tradicionais" deveriam seguir o exemplo da Escola do Mendara dirigida pelo Prof. Osmar(que já foi prof. de Literatura do Nazaré)lá eles adotam a leitura de Monteiro Lobato para alunos de 1ª a 4ª série e de 5ª a 8ª os clássicos da literatura brasileira.
Meus filhos estudaram lá e como eu falava pro Osmar a escolhinha é BBB, boa,bonita e barata mas acima de tudo contribui para a formação de verdadeiros cidadãos.
Aproveito a ocasião e venho a público agradecer a esse grande educador pela contribuição prestada à formação de meus filhos
Silvana Benassuly M. de Medeiros

Albano o velho disse...

Ela deve ser seguidora da Paulo Hadad, "aquele um" das cartlhas que nós pagamos...

Anônimo disse...

Eu acho que existem mil e uma formas de trabalhar o livro e o tema. Caso as crianças já possuissem o hábito de falr estes palavrões , acredito que a professora acertou em indicar a obra se o inyuito era depois trabalhar a questão de maneira que as crianças entendam que apesar de ser comum muitas pessoas falarem esta linguagem a mesma não é elegante.Os pais geralmente se enganam sobre o comportamento dos filhos principalmente no ambiente escolar.

Anônimo disse...

Não é elegante é um elogio!
É deseducado, grosseiro, chulo.

Anônimo disse...

Nao se pode fazer reunião com os pais, depois que os alunos leram o livro e se chocaram com ele, por que não discutir o conteúdo antes de apresentálo aos alunosm haveria tempo dos pais prepararem seus filhos para a materia, pois como se diz "a educaçao como bons modos,vem de casa". acho uma traiçao da esscola para com os pais, não os prevenirem antes.
CEM MAMBUCABA PARATY RJ

Anônimo disse...

eu tenho 13 anos e tenho que fazer um seminário sobre este livro, achei um pouco estranho mesmo quando falou sobre as partes intimas das mulheres. Só que quando li a biografia do autor entendi que tudo se passava da vida do Vilmo (autor do livro)e que ele queria passar um pouco da história da infância dele e de outros meninos na época dele .