FRANCISCO SIDOU
É abissal o atraso no cronograma das obras de infraestrutura nas 12 cidades subsedes da Copa do Mundo/2014, que receberão milhões de turistas vindos de todas as partes do mundo.
Dos serviços estratégicos que precisam melhorar, certamente o de transportes é o mais preocupante. Faltando apenas três anos para o megaevento da Copa do Mundo, o sistema aéreo no Brasil dá sinais evidentes de congestionamento e fadiga dos materiais.
A Agência Nacional de Aviação Civil anuncia a proibição da venda de passagens além da capacidade de assentos nos aviões, o famoso overbooking, prática que já virou rotina no caos estabelecido nos aeroportos brasileiros.
A Anac também determinou que as empresas endossem bilhetes emitidos por concorrentes, em casos de cancelamento de vôos, prática também cada vez mais freqüente. Tais medidas cosméticas não resolvem o problema.
A exemplo das cidades com trânsito congestionado, com carros de mais e ruas de menos, no transporte aéreo o congestionamento também ocorre porque cada vez mais pessoas estão viajando de avião. As empresas não se prepararam para esse “boom” nos vôos domésticos e o governo também não interveio em tempo hábil no setor como era de se esperar de uma agência reguladora da aviação civil.
A presidente da Anac, Solange Vieira, praticamente confirma que o caos aéreo deverá ainda ser maior, ao anunciar que estão previstos , para dezembro , nos aeroportos brasileiros, 14 milhões de embarques e desembarques.
Para um especialista do setor, em tais condições, dificilmente será possível garantir vaga em todos os vôos. Que tipo de normas regulatórias emite a Anac?
O governo, ao invés de tentar emplacar “marcos regulatórios” para a imprensa, em clara ameaça à liberdade de expressão, deveria concentrar esforços no planejamento do setor vital dos transportes aéreos, às vésperas de uma Copa do Mundo.
Por que não abrir licitações para empresas regionais explorarem novas linhas domésticas? Por que manter esse nefasto duopólio na aviação comercial do Brasil, com mercado praticamente dominado por duas empresas aéreas de grande porte? Acaso essa prática cartelizada não é nociva ao interesse público?
Semana passada, provamos da falta de respeito das empresas aéreas com seus clientes paraenses, em vôo com destino a Recife, conexão em Fortaleza, onde deveríamos trocar de avião e de assentos.
Todavia, nosso avião fez apenas escala no aeroporto "Pinto Martins". Os passageiros em trânsito, além de ficar no avião, enfrentando forte calor, foram gentilmente convidados a ceder seus assentos aos embarcados na capital cearense. Os novos assentos eram os do meio, na fileira de três poltronas, onde o indigitado sofre os horrores da falta de espaço mínimo necessário até mesmo para esticar as pernas.
Em meio a protestos, sabem o que a atendente TAM recomendou aos reclamantes? "Por que vocês não reclamam ao presidente"? Nem se deu ao trabalho de explicar se a queixa deveria ser encaminhada ao presidente Lula ou ao presidente da TAM.
A questão vai acabar na Justiça, acionada pelo advogado Luiz Paulo Álvares e esposa Olga, parceiros na desditosa viagem, que pleiteiam danos morais explícitos.
Data venia, para evitar novas desditas por tortuosos caminhos, varas e escaninhos, preferimos lavrar a ocorrência, sem ata e sem BO.
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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br
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