quinta-feira, 8 de julho de 2010
Não invente a roda
Perdemos muito tempo com o nosso empirismo. Embora seja bom para nossa autoestima, muitas vezes desperdiçamos tempo precioso com invenções e descobertas já alcançadas por outrem.
Particularmente, fui vítima desse mal. Sempre gostei de descobrir minhas próprias coisas. Cheguei ao extremo de recusar a pedir qualquer tipo de informação. Queria achar endereços e descobrir por dedução o significado de palavras novas. Nada por orgulho. Talvez por um pouco de autodidatismo. E mais para fugir da dependência que governou toda minha vida, na qualidade de menino crescido fora do lar.
Hoje, vejo quanto perdi. Além do tempo, muitas das coisas que eu procurava ansiosamente saber, desfrutar ou possuir nunca foram alcançadas. Outras, obtidas tardiamente, perderam o sentido. Inquirir e pesquisar deve ser uma regra para todos.
Imagine: bem antes de existirmos como embrião, o mundo já respirava. Décadas. Séculos. Milênios. Um mundo de gente antecedeu à nossa chegada por aqui. Milhares de anos, e o mesmo Sol brilhava forte. Ele assistiu à construção das colossais pirâmides, viu cada império nascer e tombar. Acompanha a saga humana como testemunha imparcial.
Você pode comparar a vida na Terra com uma grande reta. Uma reta dividida em dias, meses e anos. E cada um de nós temos um instante para surgir e outro para sair de cena. Cada geração ocupa um segmento dessa reta. Uns mais, outros menos: todos ocupamos uma porção.
Antes de nós, gerações inteiras. Na verdade, a história com toda sua grandeza coloca-se à nossa disposição. Ela quer nos ensinar a viver melhor e evitar erros, alguns fatais.
Se, por exemplo, você está pensando na profissão que vai ocupar na vida, e ainda tem dúvidas, melhor fará se investigar esse acervo. Informe-se sobre isso. Busque saber sobre o campo de trabalho, a remuneração, o tipo de vida que levam aqueles que escolheram esse caminho. Não arrisque estudar, comprar livros, gastar horas de estudo e talvez um estágio, para só depois descobrir sua inaptidão.
Hoje, com a facilidade da comunicação virtual, o conhecimento é uma "opção" única. Quem não se enquadrar, estará fora do páreo. Por mais que alguém tenha cursado grandes faculdades, a renovação do saber é tão grande que nossos diplomas correm o risco de serem convertidos em peças de museu em pouco tempo. Em algumas áreas do direito, por exemplo, pode ser uma questão de dias ou meses. Muda um código, muda tudo.
Aí você há de concluir que não dá mais para perder tempo tentando descobrir o que já está acessível. A internet é apenas um bom exemplo. Com simples palavras num site, você transpõe o tempo. Viaja sem sair de casa. Pode conhecer elementos que pessoalmente jamais teria tempo para encontrar. Numa página de busca, você bate à porta com uma expressão, e centenas de caminhos surgem à sua frente.
O ser humano aprende mesmo com seus erros e acertos. Mas essa é apenas uma forma de aprendizagem. Ninguém precisa quebrar a cara para se dar conta de que há alternativas. E a melhor saída é olhar o rastro da humanidade. Pegadas longínquas e outras que acabamos de marcar. Melhor mesmo é colher nas experiências passadas a lição de que precisamos hoje.
É assim que age a ciência. Imagine se cada cientista tentasse começar do zero. Seria um caos. O saber científico seria banido, pois o mundo vai girando de mão em mão. É a sabedoria acumulada pelas gerações que o move, neste sentido.
Portanto, não despreze o conhecimento. Você poupará tempo para aproveitar a vida. Não tente inventar a roda.
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RUI RAIOL é pastor e escritor (www.ruiraiol.com.br)
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