Um protesto de ativistas sociais deve marcar a audiência pública convocada pelo governo federal, para discutir a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, nesta terça-feira, 15, em Belém. A manifestação está programada para acontecer a partir das 16h, em frente ao Centur, e contará com a participação de indígenas, ambientalistas, sindicalistas, estudantes e dezenas de ativistas sociais.
O ato público está sendo organizado pelo Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) e pela Articulação Pan-Amazônia, que pretendem denunciar à sociedade os riscos do projeto, caso a hidrelétrica seja construída. Segundo as entidades, o projeto deve aumentar a miséria e a violência, além de destruir a fauna e a flora da região, expulsando milhares de pessoas das áreas rurais e urbanas onde residem.
Durante o ato público, manifestantes farão performances para simbolizar o “Não” da sociedade civil a mais uma obra faraônica e insustentável na floresta amazônica, e o “SIM” em defesa da vida e de um desenvolvimento econômico e ecologicamente sustentável na região.
De acordo com o FAOR e com a Articulação Pan-Amazônia, a manifestação vai demonstrar a solidariedade da população de Belém à luta dos movimentos sociais do Xingu contra a construção da Usina de Belo Monte. Esse posicionamento já foi expresso em carta pública ao presidente Lula, no dia 22 de julho de 2009. “A decisão de construção de uma obra desse porte, em uma Bacia como a do Rio Xingu, com sociobiodiversidade única no planeta, não pode ser tomada de qualquer jeito, atropelando a população, os costumes locais, a sabedoria dos povos das florestas, atropelando o próprio processo de licenciamento previsto em lei”, afirma o documento escrito pelas entidades.
Há mais de vinte anos, os povos do Xingu vêm resistindo aos projetos de construção de grandes hidrelétricas na região. Os conflitos que têm sido marcados por ações judiciais e até por embates físicos, tiveram início ainda na década de 80, quando o governo militar tentou construir a Usina de Kararaô. Na época, a manifestação da índia Tuíra, que encostou um facão no rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, ganhou repercussão internacional e ajudou a paralisar a construção da hidrelétrica.
Anos depois, o projeto mudou de nome e foi retomado pelo governo federal. O empreendimento pretende construir seis barragens em diversos pontos do Xingu, alterando a dinâmica de vida de indígenas e agricultores e afetando a floresta e a biodiversidade local.
Com o projeto, a corredeira de água será desviada, através de canais, para Belo Monte, onde serão colocadas as turbinas. As conseqüências serão o alagamento da área Oeste, acima do Xingu, e a diminuição do volume de água na região leste, abaixo do Rio, afetando diretamente povos indígenas e a população local.
Fonte: Assessoria de Imprensa do movimento
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