domingo, 6 de setembro de 2009

Hospital Gaspar Vianna é caso de MP. Ou de MPs.

O Ministério Público – o Federal e o Estadual – precisa dar uma passadinha pelo Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, a única referência, no Estado, nas áreas de cardiologia, nefrologia e psiquiatria.
Antes de passarem no Gaspar Vianna, todavia, conviria aos MPs requisitarem ao jornalista Carlos Mendes a gravação de uma entrevista que ele fez com dois diretores do hospital e foi exibida no programa Jogo Aberto deste sábado (05), que ele apresentou na Rádio Tabajara ao lado do também jornalista Francisco Sidou.
A reportagem de Mendes é uma das mais relevantes que ele fez até agora, neste ano, e revela situação das mais graves no Gaspar Vianna, que assim passa a dividir com o Ophir Loyola a condição de um hospital sucateado, com aparelhos parados e sem condições de prestar plena assistência à população que o procura.
Mendes ouviu dois diretores – o médico Cláudio Teixeira e uma médica de nome Marilda -, escalados para falar pelo Gaspar Vianna, uma vez que, segundo o jornalista, Benedito Bezerra, o maioral do hospital, não quis conceder-lhe a entrevista.
Os diretores confirmaram que aparelho de cateterismo está sem danificado há 30 dias. Falta uma peça que custa R$ 9.500,00 e até agora não chegou a Belém, para ser reposta. Os pacientes, em consequência, ou tem sido tratados apenas com medicamentos ou então são encaminhados para outros hospitais.
Há um detalhe – escabroso, vale dizer.
A Sespa adquiriu, por cerca de R$ 1 milhão, equipamento completo de cateterismo e o remeteu para o Hospital Metropolitano. Mas o perfil do Metropolitano mudou. À época, ele tratava também de pacientes com problemas cardíacas. Quando a incumbência para tratar desses pacientes passou para o Gaspar Vianna, o aparelho de R$ 1 milhão continuou – como continua até agora – no Hospital Metropolitano, novinho em folha e sem utilização. Por quê? Porque até agora a Sespa não autorizou a transferência, segundo explicação dos diretores do Gaspar Vianna.
Disseram mais, os dois médicos ouvidos por Mendes.
Confirmaram que máquinas de hemodiálise e litotripsia (que elimina cálculos renais) estão quebradas.
Sabem que fazem alguns médicos do Gaspar Vianna? Levam equipamentos de seus próprios hospitais, de seus próprios consultórios, para não deixarem os pacientes sem atendimento. E mesmo assim, os atendem precariamente, porque o hospital não oferece estrutura condizente para socorrer a demanda de pacientes que o procuram.
Mendes que o diga.
O jornalista relatou no programa um fato que ele mesmo testemunhou.
No dia 24 de agosto, quando estava no Gaspar Vianna colhendo dados para fazer a matéria, viu chegar um homem em surto psicótico.
Fora trazido, amarrado, da Delegacia da Mulher, porque havia espancado a esposa.
O paciente, ainda em surto, ficou à espera de que fossem providenciar medicamentos básicos, dos mais básicos, que poderiam acalmá-lo.
Não havia tais medicamentos no hospital e nem em farmácias próximas.
E aí?
E aí que o paciente, da mesma forma em que chegou ao Gaspar Vianna, foi levado de volta à Delegacia da Mulher.
Por tudo isso é que o Ministério Público – o Federal e o Estadual – precisa dar uma passadinha pelo Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.
Urgentemente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ouvi o programa, Bemerguy, e os casos relatados são graves. Pelo que ouvi,o aparelho que quebrou e ficou parado durante um mês foi o de cateterismo e não o ecocardiograma. Só voltou a funcionar na quinta-feira agora,antes da denúncia ir ao ar pela Rádio Tabajara. O assunto é sério e os dois Ministérios Públicos, o Estadual e Federal precisam sair de seu imobilismo e fazer alguma coisa. Parabens, caro jornalista, por abordar esse assunto e demonstrar sua preocupação com a saúde pública.

João Fernandes(educador e fã do blog)

Poster disse...

Grato, João.
Está corrigido.
Abs.

Anônimo disse...

Estimado jornalista,

Saúde é um direito de todos e dever do Estado. Pergunta sem resposta das autoridades: onde entra, em se tratando de HC,Ophir Loiola e outros, o dever do Estado? Se como instituição o Estado não cumpre seu dever é passível de punição. Agora outra pergunta: quem encaminha o pedido de punição? É lamentável dizer que seja o MPE, seja o MPF, nada estão fazendo para cumprir seu dever de defender o interesse público. Eu estava ouvindo o programa na Rádio Tabajara e fiquei estarrecida com a denúncia do sr. Carlos Mendes, que não conheço pessoalmente eque gostaria de conhecer para cumprimentá-lo e abraçá-lo. Fico triste com tudo o que está acontecendo na saúde pública paraense. Mostra bem que não temos mais a quem recorer. As instituições que deveriam defender nossos direitos também estão caladas, omissas e falidas. Lamentável, muito lamentável.

Ana Laura Secowiski----- antropóloga

Anônimo disse...

É bom que não se esqueçam também do Barros Barreto. A nova diretoria que assumiu recentemente, está dedicada a populismos internos e perdida em relação ao funcionamento do hospital.
É questão de tempo. Logo, infelizmente, a sociedade deve ter notícias desagradáveis sobre aquele importante hospital.
Isso, em plena época da chamada "gripe suína".
Pena que o atual reitor Carlos Maneschy, tenha se calcado em critérios questionáveis para nomear a atual diretoria.