quarta-feira, 25 de março de 2009

A pedido de Lula, Dirceu tenta conquistar PMDB para Dilma

No ESTADO DE S.PAULO:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva incumbiu o ex-ministro José Dirceu de uma missão especial. Em conversa reservada, logo após o aniversário de 29 anos do PT, em fevereiro, Lula pediu a ele que ajude o partido a costurar alianças para sustentar a campanha da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto, em 2010. O alvo principal é a conquista do PMDB.
A tarefa de Dirceu, que já percorreu dez Estados em um mês, é procurar governadores, prefeitos e dirigentes de partidos aliados com o objetivo de formar palanques fortes para Dilma nos Estados, mesmo que para isso seja necessário sacrificar candidatos do PT. Lula quer que o ex-ministro da Casa Civil, cassado pela Câmara na esteira do escândalo do mensalão, em 2005, atue nos bastidores.
Dirceu tentará enquadrar petistas que não querem desistir de suas candidaturas para avalizar concorrentes aliados com mais chance. "Deixem que os adversários falem que eu sou contra você, que faço fogo amigo", disse ele à ministra, recentemente. "É melhor para nós que pensem assim." No Rio, por exemplo, o palanque para Dilma deve ser o do governador do Rio, Sérgio Cabral, que é do PMDB. No Paraná, parte do PT quer apoiar o senador Osmar Dias (PDT).
Na prática, o presidente acredita que o homem forte de seu primeiro mandato pode fazer por Dilma, informalmente, o que fez por ele em 2002, mesmo agora sendo réu em processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Há quase sete anos, então presidente do PT, Dirceu coordenou a vitoriosa campanha de Lula.
Agora, porém, o PT vive uma entressafra: o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), deixará o cargo no início de 2010, já que haverá eleições para renovar a cúpula petista em novembro. O problema do antigo Campo Majoritário, corrente de Lula, Dirceu e Berzoini, é que nenhum líder da corrente, rebatizada de Construindo um Novo Brasil (CNB), quer ocupar o cargo.
Na tentativa de pressionar Lula a liberar seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, para disputar o comando do PT, a CNB promete lançar hoje um movimento propondo candidatura única à presidência do partido.
Carvalho é, atualmente, o nome de consenso: até o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), do grupo Mensagem ao Partido, admite a possibilidade de retirar seu nome do páreo.

SERRA
Embates à parte, o presidente acha que as negociações para 2010 não podem esperar a definição da cúpula do PT. Lula está convencido de que o candidato do PSDB à sua cadeira será o governador de São Paulo, José Serra. No cenário traçado por ele, o governador de Minas, Aécio Neves, disputará vaga no Senado.
O Planalto fará de tudo para que o vice na provável chapa encabeçada por Dilma seja do PMDB. Por enquanto, os nomes cotados são de São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais: o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), e o ministro das Comunicações, Hélio Costa (MG). A preocupação do governo é como "administrar" o deputado e ex-ministro Ciro Gomes (CE), que pretende concorrer pelo PSB e já tem dado leves estocadas em Dilma.
A orientação repassada a Dirceu é para que o PT faça menos prévia e mais campanha. Motivo: Lula insiste em que disputas internas racham o partido, muitas vezes de forma irremediável.
Em São Paulo, ele deseja que o deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci seja candidato a governador, pois avalia que ele será absolvido pelo STF da acusação de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. A cúpula do PT resiste. Mesmo o grupo do ex-ministro lembra que ele enfrenta grande rejeição e já articula a pré-candidatura do prefeito de Osasco, Emídio de Souza.

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