Na FOLHA DE S.PAULO:
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem em entrevista coletiva que já vê sinais de recuperação na economia norte-americana. "Mas [a recuperação] demandará tempo e paciência. Demandará também olharmos além de nossos interesses de curto prazo. Para responsabilidades que temos com o futuro", disse.
Em tentativa de se distanciar das questões de curto prazo, que disse estarem sendo "atacadas em três diferentes frentes", Obama fez uma firme defesa de seu Orçamento para o próximo ano fiscal americano, que começa em outubro. O Orçamento prevê gastos de cerca de US$ 3,6 trilhões (equivalente a três PIBs do Brasil) e déficit recorde no pós-Segunda Guerra de mais de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA.
Em vez de se concentrar nos recentes pacotes de ajuda ao setor financeiro, Obama disse que seu governo pretende estabelecer "sólidas fundações" para o crescimento futuro dos EUA. Para isso, citou os gastos previstos em energia renovável, educação e saúde.
Os três "pilares" citados por Obama na tentativa de recuperar a maior economia do mundo foram: o novo Orçamento, o pacote anunciado há algumas semanas para recuperar o mercado imobiliário (epicentro da crise, cujos preços dos imóveis estão em queda livre há dois anos) e o programa para limpar os balanços dos bancos dos chamados ativos "tóxicos".
Anunciado anteontem, o programa prevê liberar os balanços dos bancos em até US$ 1 trilhão desses ativos, responsáveis pelo travamento do mercado de crédito nos EUA e que estão no cerne da atual crise.
Antes da entrevista de Obama ontem, foi anunciado que o presidente se encontrará com vários banqueiros depois de amanhã para discutir as medidas de socorro ao sistema. Entre os participantes, devem constar o Goldman Sachs, o JPMorgan Chase e o Citigroup.
A conferência de ontem foi a segunda em horário nobre da TV americana (20h, 21h em Brasília) desde que Obama tomou posse, há cerca de dois meses. Ele fez breve pronunciamento e depois respondeu a perguntas de 13 jornalistas previamente escolhidos.
Durante a entrevista, a maior defesa de Obama foi em relação ao seu Orçamento, fortemente atacado pelos adversários republicanos no Congresso. "O Orçamento vai posicionar a recuperação econômica em uma fundação mais forte, para que não tenhamos que enfrentar uma nova crise daqui a 20 anos", disse Obama.
Obama afirmou que mantém o compromisso de reduzir o déficit fiscal americano à metade ao final de seu mandato, "mesmo levando em conta as expectativas mais pessimistas".
As contas de Obama para os gastos e a redução do déficit fiscal só fecham se os EUA voltarem a crescer com vigor a partir do ano que vem, coisa que nenhum organismo oficial internacional espera.
O Orçamento projeta um crescimento do PIB de 2,6% em 2010, o que teria impacto positivo sobre a receita em impostos para cobrir o déficit. Já o FMI prevê PIB positivo de apenas 0,2% para os EUA em 2010. Para 2009, vê queda de 2,6%.
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