Ouve-se o voejar de uma mosca no Palácio dos Despachos.
Aliás, não é bem no Palácio dos Despachos que o silêncio impera.
Impera o silêncio onde se fale na aquisição desses kits escolares e onde tenha governistas por perto.
Na sessão de ontem pela manhã, na Assembléia Legislativa, três deputados tucanos passaram a mão no microfone e começaram a fazer questionamentos sobre a compra dos kits.
O líder da oposição, José Megale, e seus companheiros de bancada Alexandre Von e Ítalo Mácola insistiram, basicamente, nos três pontos que se constituem fatos indesmentíveis: que as agendas foram confeccionadas pela Gráfica Santa Marta, na Paraíba; que não houve o indispensável processo licitatório; e que o pagamento foi feito através da Double M, uma das agências de publicidade que prestam serviços ao governo.
Pois os três tucanos, enquanto puderam, não fecharam o bico.
Falaram abertamente, quase provocando explicitamente o PT para subir ao ringue do debate.
E aí?
Não teve “aí”.
Ou teve: os petistas se mantiveram caladíssimos.
Fizeram de conta que não era com eles.
Adotaram aquela posição do “deixa eles ficarem falando sozinhos” que isso passa.
Será que passa mesmo?
Será?
O governo, a esta altura do campeonato, talvez já tenha desperdiçado o momento, talvez já tenha desperdiçado o timing para reagir à altura de uma gestão como a de Sua Excelência Ana Júlia Carepa, da qual se espera transparência, transparência e mais transparência. E o timing seria logo que surgiram as denúncias, no início desta semana.
É como já se disse por aqui: nas proporções e no ritmo com que toda essa história avança, não se espantem se o governo, o quanto antes, for compelido a falar.
E uma vez compelido a falar, também poderá até silenciar.
Mas será pior, muito pior.
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