domingo, 15 de março de 2009

Kit escolar: contagem regressiva para o acerto de contas

O clima no Palácio dos Despachos e em algumas secretarias, sobretudo na de Educação, é de contagem regressiva.
Contagem regressiva para um acerto de contas.
Um acerto de contas com a verdade.
A verdade que o Ministério Público tenta buscar.
Até quarta ou quinta-feira, estará encerrado o prazo fixado pelo 6º promotor de justiça de Direitos Constitucionais e do Patrimônio Público de Belém, Firmino Matos, para que a Secretaria de Educação apresente informações fundamentais para elucidar a compra de kits escolares – presume-se que na quantidade 1,2 milhão – que estão sendo entregues a alunos da rede pública do Estado.
Não se sabe ainda qual é o cronograma de trabalho do Ministério Público Federal, que na segunda-feira passada foi o primeiro a abrir procedimento administrativo (uma investigação preliminar) - a ser conduzido pelo procurador da República Daniel César Avelino -, para igualmente investigar as aquisições dos kits. Mas é certo que essa fase não deverá mudar muito.
E pelo que já informou a secretária de Educação, Iracy Gallo, as verbas usadas para a compra dos kits são estaduais. Se for isso mesmo – convém esperar -, então o Ministério Público Federal não poderá propor qualquer ação, se tal for necessário. Essa incumbência ficaria, assim, inteiramente a cargo do Ministério Público Estadual.
Por tudo isso – pelo clima de contagem regressiva e pela necessidade de explicar muitos pontos até inexplicáveis nesse angu todo -, no Palácio dos Despachos houve um corre-corre típico dessas operações improvisadas para ajeitar situações que, pelo menos na aparência, se afeiçoem a padrões mínimos de legalidade.
Um exemplo disso foi a escolha de mais quatro agências que, às pressas, foram chamadas a dividir com a Double M a responsabilidade pela campanha – que o governo chamada de “promocional” – de distribuição dos kits.
Oficialmente, assim, foram convocadas a entrar nessa parada duríssima a CA Comunicação, a DC3, a Mendes Publicidade e a Castilho Propaganda, além, é claro, da Double M, a primeira a ser encarregada pela Seduc para viabilizar a contratação da gráfica, no caso a paraibana Santa Marta, para confeccionar as agendas que integram o kit escolar. Das oito empresas selecionadas na concorrência pública para prestar serviços ao governo do Estado, ficaram de fora, portanto, apenas a Fax Comunicação, a Vanguarda e a Gamma.
Mas, convenhamos, isso não é suficiente.
Não é suficiente apenas convocar mais quatro agências para dividir com a Double M o latifúndio de responsabilidades que representa essa campanha de distribuir um kit escolar – composto por agenda, duas camisas e uma mochila – a milhares de estudantes de todo o Estado.
O essencial mesmo é responder a várias perguntas, sobretudo a três:
1. Por que não foi feita licitação?
2. Cadê o ato de dispensa, cuja publicação é necessária para que a autoridade que ordena as despesas fundamente as razões da dispensa do processo licitatório?
3. E por último, mas não menos importante, por que mandar confeccionar as agendas na Paraíba, se as gráficas daqui têm plenas condições de fazer o serviço e, além disso, num momento em que o governo petista insiste no discurso de que é preciso gerar emprego e renda no território paraense?
São poucas perguntas, mas essenciais.
São poucas e boas perguntas.
Até agora, são perguntas sem respostas.
Ou por outra: houve respostas.
Mas foram respostas que soaram muito mais como uma confissão de culpa.

5 comentários:

Anônimo disse...

Vcs do blog estão dando uma de jornal quando a noticia é de ricos. Finalmente quem é o felizardo dono da DOUBLE M. Por favor vamos dar nomes aos bois.

Anônimo disse...

As perguntas muito oportunas feita pelo Brasiliense deveriam ser respondidas. São de pura inteligência.

Anônimo disse...

Cadê a Vanguarda, por que será que ela não entrou nessa lista?
É, o Chcio Cavalcante não é besta nem nada, pra entrar numa furada dessa.

Anônimo disse...

Respondendo ao anônimo das 08:24:
A Double M pertence a família da maior empresa da construção cívil do ramo imobiliário. Estamos falando da poderosa Leal Moreira, tendo como comandante da agência o André Moreira, o filho mais novo da família.
Por coincidência, não significa que tenha nenhum comprometimento, é bom que se diga, a nobre governadora Ana Júlia morou num apartamento do outro filho da famíia, irmão mais velho do André, até ser eleita governadora do Estado do Pará.
São simples coincidências, é bom que se diga.
Mas que a bolada ganha pela agência com essa compra dos kits foi de muitos milhões, isso não tem como desmentir. Imaginemos então , por baixo, 20 por cento de R$ 50 milhões, como foi dito pela própria Seduc, pra se ter uma idéia da dinheirama que rolou nesse negócio.

Anônimo disse...

Será que tambem é coincidência a retomada das obras que estavam paradas desta construtora? Neste negocio todos estão pensando que todos nós somos trouxas. É o PT fazendo escola.