quinta-feira, 12 de março de 2009

Comércio escapa da maré

No AMAZÔNIA:

Ao contrário do que costumava ocorrer nos anos anteriores, a maré alta, que atingiu seu ponto máximo às 11h38 de ontem, não causou transtornos e prejuízos aos comerciantes do Ver-o-Peso, em Belém. Isto porque o pico da maré, que chegou a 3,5 metros de altura, segundo previsão da metereologia e da Marinha do Brasil, não contou com o volume de chuvas que atingiu a capital paraense nos anos anteriores. As águas não chegaram a atingir as ruas e nem a feira do açaí, cobrindo apenas a pedra do Ver-o-Peso. O fenômeno natural atraiu curiosos e turistas que passavam pelo local.
Trabalhando desde os doze anos na feira do açaí, em uma barrraca que fica a apenas três metros do rio, Cláudia Suely Félix, agora com 42 anos de idade, conta que já está acostumada com os picos de marés e que já presenciou muitas vezes as águas do rio tomando conta das ruas. 'Há alguns anos atrás, a água subia mesmo. Ela chegava até as lojas que ficam aí no Boulevard Castilhos França. Eu já estou acostumada com a alta da maré e ela nunca me pega desprevenida', afirma.
Cláudia diz que nunca teve prejuízo por conta da maré alta e que não se preocupa com as águas em si, mas com o que ela pode trazer. 'Trabalho aqui há muito tempo e antes de mim trabalhou a minha mãe. Já sei como lidar com as ‘águas grandes’. Suspendo os meus produtos e o meu freezer para proteger da água e continuo trabalhando, mesmo com a água no joelho, como já aconteceu. A única coisa ruim é que com o rio nesta altura, praticamente não vendo nada. O que me dá medo mesmo é o que pode vir junto com as águas, como cobras, por exemplo', diz.
Trabalhando no Ver-o-Peso há 50 anos, o carregador de 86 anos, amigo de Cláudia e conhecido por todos apenas como Alagoano, conta que ao longo de todos estes anos, já assistiu muitas situações inusitadas e até tristes por causa da alta da maré. Ele lembra que houve momentos em que as águas de março invadiram o Ver-o-Peso, e chegou a invadir lojas nas ruas 13 de Maio e Conselheiro João Alfredo. 'Quando a maré vem forte, ela vai bater nas lojas dessas transversais, como a 13 de Maio', assegura.
O carregador diz ainda que já presenciou algumas pessoas perderem a vida por causa das águas de março. Contudo, ele diz que gosta de presenciar o fenômeno da natureza. 'Trabalhando aqui a gente vê de tudo. Infelizmente, algumas pessoas, na maioria das vezes alcoolizadas, já escorregaram da pedra (do Ver-o-Peso) ou daqui mesmo aqui na beira onde os barcos param para desembarcar mercadoria (na feira do açaí) e se afogaram. Não sei ainda quantos anos eu poderei acompanhar a maré alta, mas enquanto puder, estarei aqui', garante.

Um comentário:

Anônimo disse...

Já a maré de lama continua subindo, subindo.
E já alcança a calçada do Palácio de Despacho da governadora, trazendo muito entulho.
Mochilas, agendas, revistinhas e camisas podem ser vistas boiando nas águas podres que ameaçam ultrapassar a barreira de desculpas esfarrapadas e notas embromativas.