No AMAZÔNIA:
O clima ontem na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) era de despedida. No último dia de Fórum Social Mundial, barracas foram desmontadas, malas foram feitas e vários ônibus de viagem estavam no local aguardando os passageiros. Para quem veio de outra cidade participar do evento, o saldo foi bastante positivo. Entretanto, para os vendedores de lanches e comidas típicas da cidade, que esperavam lucrar bastante o Fórum Social Mundial, a experiência não foi tão boa assim. Quem também não deixou de dar sua contribuição no último dia de FSM, foi um homem que andou nu pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Ele caminhou por todo o campus deixando para todos os participantes do evento mensagens de Deus e de que 'um outro mundo é possível'.
A falta de informação e organização do evento estava no topo da lista das reclamações. Mas, apesar dos inúmeros contratempos enfrentados pelos participantes do FSM, o professor de geografia, Ederson Costa, disse que as 50 horas de viagem de Campinas (SP) até a capital paraense valeram a pena. Ele lamenta apenas ter que ir embora tão cedo da cidade. 'Eu gostaria de ter ficado mais tempo aqui em Belém. É uma cidade belíssima com tanta coisa para se ver, que uma semana é muito pouco para conseguir visitar tudo', disse.
O aprendizado adquirido nas palestras do FSM será repassado para os alunos de Ederson Costa. Ele diz ainda que, além de ter mais conteúdo para as suas aulas, o principal benefício da viagem é voltar renovado para a cidade Natal.
O estudante de Música Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pablo Castro, se sentiu privilegiado por ter tido a oportunidade de conhecer a cultura paraense. Em especial, grupos musicais de carimbó. Ele também ressaltou o fato de o povo de Belém ser bastante hospitaleiro e atencioso. 'Gostei muito do povo daqui. Tive experiências maravilhosas', informou. Mas não só de coisas bonitas foi feita a viagem de Pablo Castro. Ele disse que os paraenses merecem puxões de orelha pela enorme quantidade de lixo existente na cidade.
Já a estudante de Serviço Social, Vanessa Mota, que veio de João Pessoa - PB, contou que nada foi melhor no Fórum Social Mundial do que o contato com diversos povos de diferentes culturas. 'Aqui, conhecemos muitas histórias interessantes de gente que, se não fosse pelo Fórum Social Mundial, não estaria aqui na cidade', disse.
Vendas - Quem esperava lucrar com o Fórum Social Mundial se decepcionou. De acordo com a vendedora de tapioca, Carmen Moraes, o que ficou do evento foi apenas um sentimento de frustração. Por causa da falta de organização e comunicação, muita coisa estragou e até quem não era cadastrado para vender comida entrou no campus da Ufra. 'Foi horrível para conseguir entrar aqui. Uma verdadeira falta de respeito com quem teve que pagar R$ 20 por esse espaço', informou.
Muita gente que precisava entrar de carro para reabastecer o ponto de venda de comida, ficava preso no portão de entrada por tanto tempo que nada prestava depois. Uma panela grande de mingau de milho que Carmen preparou, por exemplo, teve que ser jogada fora. 'A expectativa era muito boa, mas, infelizmente, a organização deixou muito a desejar. Vendi apenas 20% a mais do que o normal', disse.
Desta vez, o abraço grátis, que foi distribuído durante o Fórum Social Mundial por um grupo de jovens, era de despedida. Sem pagar impostos, como dizia a música cantada por eles, todo mundo pôde voltar pra casa com um sentimento de alegria pela demonstração de carinho dos adolescentes.
Um comentário:
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