No AMAZÔNIA:
Muitas famílias com vítimas de violência se uniram à dor dos parentes e amigos do médico Salvador Nahmias. Personagens anônimos de tragédias recentes de grande divulgação na imprensa - outras nem tanto - levaram fotos e lembranças de seus entes queridos assassinados. Nirvana, Gustavo Russo, Marcelo Abner, Marcelo Magno, professora Núbia, Bruna Sena, meninas da Pratinha, garotos da Ceasa e até Dorothy Stang foram recordados na estatística da indignação coletiva da cidade. Resignada, com a foto do irmão morto nas mãos, a dona-de-casa Ivanilde Rodrigues, 46 anos, disse não acreditar que a caminhada pudesse trazer a Justiça que espera desde que Ivo Nazareno de Souza Rodrigues foi morto com dois tiros, na esquina da travessa Mauriti com a rua Nova, na Pedreira.
'Ele reagiu e foi morto pelos assaltantes que levaram o celular dele. Vejo muita diferença no tratamento entre uma vida e outra, porque, no nosso caso, a polícia até hoje não prendeu ninguém. Eu bem que procurei, mas não deu em nada. Mas participo dessa caminhada porque a situação não pode ficar como está, apesar de não acreditar em mudanças. O que nos une aqui é a dor da perda, que acaba colocando todo mundo no mesmo barco', reflete Ivanilde.
O mesmo sentimento de impunidade e descrença abatia Moisés Pereira Almeida, 43 anos, pai de Marcelo Magno, fuzileiro naval morto em março de 2005, em um treinamento militar. Ele lembra que o filho não é uma das vítimas de assalto, mas foi abatido pela banalização da violência. E critica a falta de celeridade para punir os culpados. 'Hoje em dia a vida humana perdeu o valor. Se você mata um bicho, um macaco, um papagaio, você vai preso. Mas se mata uma pessoa, não', comparou ele, segurando um cartaz com as fotos e um resumo da tragédia de Marcelo.
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