quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

CPI vai apurar denúncias do bispo do Marajó

A Assembléia Legislativa do Pará instalou ontem uma Comissão Parlamentar de Inquérito vai investigar a violência e a exploração sexual contra crianças e adolescentes na Ilha do Marajó.
O deputado estadual Carlos Bordalo (PT), em parceria com a Comissão de Direitos Humanos da Alepa, propôs a abertura de CPI ainda em maio deste ano, após as denúncias feitas pelo bispo da Prelazia do Marajó, Dom José Luiz Azcona, quanto a casos de violação dos direitos humanos envolvendo mulheres, adolescentes e crianças no arquipélago localizado no norte do Pará.
A CPI pretende ouvir os envolvidos e apurar as informações apresentadas pelo religioso, a fim de apontar ações necessárias para impedir os abusos ocorridos naquela região do Estado.
Além de divulgadas pela imprensa, as denúncias, na ocasião, mobilizaram a Comissão dos Direitos Humanos da ALEPA, que por solicitação do deputado estadual Arnaldo Jordy (PPS) esteve com o bispo e colheu oficialmente as denúncias. Dom Azcona destacou a situação alarmente envolvendo exploração sexual na região, sem que o poder público, mesmo ciente, tomasse qualquer medida mais séria para modificar o quadro.
Acusou as autoridades policiais que, segundo ele, são coniventes, chegando a se envolver em casos de tráfico humano, denúncia esta já encaminhada à Secretaria de Justiça do Estado do Pará.
De acordo com Dom Azcona, é grande o número de meninos e meninas, entre 12 e 16 anos, que aproveitam o percurso das balsas no Marajó para se prostituir em troca de alimentos. “Essa situação muitas vezes é estimulada pelos próprios pais e é do conhecimento de prefeitos e representantes do Ministério Público”, afirmou.
Segundo o deputado Arnaldo Jordy, membro da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, um dos principais agravantes nas denúncias de dom Azcona é o crescimento do narcotráfico na Ilha do Marajó. "Por ser uma região que não tem entrada, nem saída, e ser de difícil patrulhamento, está se tornando um corredor para o tráfico de drogas", afirma o deputado, adiantando que o objetivo da CPI não é criar embates entre a base aliada e a oposição.
"Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da USP, o Pará é o Estado que tem a maior variedade de casos de exploração sexual de crianças e adolescentes: leilões de meninas virgens, prostituição de adolescentes de 10-15 anos, estupro, incesto, abuso sexual de menores, sedução", lembra Jordy. "Com a CPI, esperamos contribuir de alguma forma para o esclarecimento e a busca de soluções para este grave problema em nosso Estado", justifica.

Fonte: Assessoria Parlamentar

Um comentário:

Anônimo disse...

Eis a velocidade da luz da política.
Mais duas ou três iniciativas dessa natureza, está preparado o terreno para cavar-se um CPI na Alepa contra o governo.
É esperar e ver.