No AMAZÔNIA:
Mais de 2.000 pessoas participaram, ontem de manhã, da caminhada contra a violência e pediram paz nas ruas do centro de Belém. A manifestação, iniciada em frente ao Teatro da Paz e encerrada na Praça Santuário de Nazaré, foi uma forma de a família, colegas de trabalho, pacientes e amigos do médico Salvador Nahmias, assassinado por assaltantes no último dia 12, mostrar a dor pela morte do cardiologista. A caminhada também expôs a tragédia de dezenas de vítimas de violência em Belém, que exigem providências das autoridades para frear a crescente violência no Estado. Em um ato ecumênico, reunindo principalmente as comunidades católica e judaicas, o arcebisbo da Arquidiocese de Belém, dom Orani João Tempesta, disse que é preciso medidas imediatas, mas também de médio e longo prazos para resolver o grave problema da violência.
'Queremos ter o direito de deixar nossos filhos saírem de casa e saber que eles vão voltar vivos', disse a viúva de Salvador, Vera Nahmias. De óculos escuros, semblante fechado e triste, ela encabeçou a passeata juntamente com os filhos, Rafael e Deborah, empunhando faixas da campanha 'Paz sim. Violência não'. 'Paz e providências. É o que esperamos', disse a viúva.
O irmão de Salvador, Menassés, preferiu não falar em cobranças ou fazer exigências e críticas diretas à segurança pública. Emocionado, ele lembrou da figura do médico cardiologista como pai, irmão, amigo: 'Uma pessoa que é querida na Terra, com toda certeza também é querida por Deus. Nossa passagem é curta na Terra, mas o que vale não é o tempo que passamos aqui, e sim a qualidade e o valor de nossas ações. Tenho certeza de que ele fez muitas coisas dignas e boas e será lembrado sempre assim'.
Arcebispo - No ínício da caminhada, dom Orani saudou os participantes da manifestação usando a expressão judaica 'shalom', pedindo paz e respeito à vida de todos. 'É um momento que vamos gritar por paz para que nosso pedido chegue mais longe. É também uma oportunidade de exigirmos soluções imediatas, como o aumento do efetivo de policiais e mais vagas nas cadeias. Mas sabemos que apenas isso não resolve o problema', pondera o sacerdote católico.
É preciso investir em saúde, saneamento, educação e políticas de geração de emprego para combater a criminalidade crescente na capital do Pará, completou o arcebispo. Para dom Orani, somente dando condições melhores de vida à população mais carente será possível 'compreender os caminhos e a importância do bem e do respeito ao outro'. 'Estamos mostrando que não estamos conformados e que queremos que algo seja transformado', apelou.
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