quarta-feira, 16 de julho de 2008

"Você me tirou do sufoco", diz Pitta a Nahas em grampo

Na FOLHA DE S.PAULO:

"Você me tirou do sufoco, me tirou do sufoco... Obrigado." Foi assim que o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (1997-2000) agradeceu ao investidor Naji Nahas, que prometeu entrega de dinheiro. O diálogo está em interceptação telefônica com autorização judicial feita pela Polícia Federal, realizada em 7 de novembro de 2007.
Pitta é apontado pela PF como recebedor de "recursos no mercado paralelo de moeda estrangeira" por meio de Nahas.
"Certamente tais valores movimentados atualmente foram desviados da Prefeitura de São Paulo", diz a investigação.
Segundo a polícia, o dinheiro seria movimentado pelos doleiros Lucio Bolonha Funaro e Marco Matalon. O operador de Bolsa Miguel Jurno Neto também é citado.
Pitta, afirma a PF, chegou a buscar pessoalmente dinheiro no escritório de Carmine Enrique, apontado como funcionário de Nahas.
O carro usado pelo ex-prefeito, complementa o relatório das investigações, pertence a Edvaldo Brito, que foi secretário de Negócios Jurídicos quando ele era prefeito e, segundo a PF, tem seu escritório de advogacia no mesmo endereço da Fundamental Consultoria, empresa da qual Pitta é sócio.
Em cinco de novembro de 2007, Pitta fala com Carmine, que diz que acabara de conversar com Nahas. "Celso [Pitta] diz que precisa cobrir seus cheques no banco", afirma o relatório da PF. Neste dia, Carmine diz a Pitta que R$ 30 mil já foram acertados e que mais tarde seriam repassados R$ 70 mil.
A PF afirma que, em 28 de novembro, Carmine diz a Pitta que "é mais para a frente" o pagamento do dinheiro que o ex-prefeito estava cobrando. Pitta diz que "nosso amigo", identificado nesse momento com Nahas, "não costuma falhar".
Em 24 de abril deste ano, Carmine diz a Pitta que chegaram mais 40 mil, que para a PF seriam R$ 40 mil. Pitta, complementa o relatório da investigação, fica irritado, pois achava que receberia R$ 80 mil.
Em 16 de abril, Pitta diz a Naji que "sua situação é desesperadora". "Naji informa que aquele cara [Lúcio Bolonha Funaro] não tem mais nada e está tentando uma solução com o "velho" [Marco Ernest Matalon]", descreve a polícia.
Em 13 de maio deste ano, Pitta liga diretamente para Nahas e pergunta se o investidor está sabendo das "dificuldades do pessoal". De acordo com a polícia, o ex-prefeito se refere aos "operadores", identificados como Bolonha Funaro, Matalon e Jurno Neto.
A PF diz que Pitta às vezes é chamado pelos interlocutores de "Maluquinho" e outras vezes de "Jabuticaba".

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