Depois de uma semana bombas em professores, de prisões que evocam assassinatos escabrosos, da selvageria em que pais transformam filhos em objetos de barbárie, de inocentes expostos a bandidos, por que não começar uma nova semana com historinhas edificantes? Edificantes, mas verdadeiras. Historinhas de bichos, por exemplo.
Vejam aí as três fotos acima. Foram tiradas num Zôo do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Uma tigresa, a da foto, evidentemente, deu à luz um raro conjunto de crias. Infelizmente, devido a complicações na gravidez, as crias nasceram prematuramente e morreram pouco tempo depois.
Sem os filhotes, a tigresa entrou em depressão. Os veterinários concluíram que se fossem providenciados novos tigrinhos para fazer as vezes dos que haviam morrido, talvez a mãe melhorasse.
Mas surgiu um problema: após levantamento em vários outros zoológicos do país, descobriu-se que não havia tigres em idade e em condições de serem levados até a mãe para que ela passasse os dias de luto.
Os veterinários decidiram, então, experimentar algo que nunca haviam tentado antes, num ambiente de cativeiro como um zoológico. Aventuraram-se a ingresar nessa experiência fiados na constatação de que, às vezes, uma mãe de uma espécie observará redobrados cuidados em relação a indivíduos de uma espécie diferente.
Pois os únicos “órfãos” que poderiam ser encontrados rapidamente eram integrantes de uma ninhada de leitões. O jardim zoológico e os veterinários providenciaram material parecido com a pele da tigresa, envolveram os porquinhos e os colocaram em torno da mãe, que assim teve reduzida sobremaneira a angústia e a tristeza de ter perdido os tigrinhos.
Há outra história.
Recentemente, o canal a cabo National Geographic exibiu documentário impressionante, que os críticos de arte aqui do Espaço Aberto assistiram e ficaram boquiabertos.
Tratava-se de uma leoparda que atacou e matou uma babuína que estava prenha. Morta a presa, a leoparda devorou-a com voracidade, e rapidamente. Mas poupou o filhotinho que saiu do ventre da mãe. E não apenas poupou, mas criou-o com todo o carinho, a ponto de ficar desesperada quando o babuíno, mais crescido, fazia peraltices em cima das árvores. Nessas ocasiões, a leoparda que adotou o macaquinho arriscava-se a cair ao tentar, com as patas, trazer o filhote para junto de si.
Historinhas assim podem até ser banais. Se o são, é porque tornaram-se banais as convenções.
Tornou-se banal - e portanto sem referências e sem critério - o senso moral, que tende a rejeitar o corrupto que surrupia milhões, mas acha que é a coisa mais natural do mundo molhar a mão do guarda da esquina para escapar da multa que deveria mesmo ser aplicada a quem infringiu uma regra do trânsito e pôs a vida dos outros em perigo.
Tornou-se banal a violência, que leva a que só nos espantemos com os crimes horrorosos – e às vezes nem com eles -, minimizando outros tão freqüentes que já se incorporaram às nossas rotinas.
É uma injustiça, diante de tudo, usarmos genericamente o substantivo selvageria ou o adjetivo selvagem para definir muitas condutas compatíveis com os bichos que vivem nas selvas.
É preciso irmos devagar ao pote das nossas comparações. Selvagens, muitas vezes, somos nós. Os animais é que são humanos.
Vejam aí as três fotos acima. Foram tiradas num Zôo do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Uma tigresa, a da foto, evidentemente, deu à luz um raro conjunto de crias. Infelizmente, devido a complicações na gravidez, as crias nasceram prematuramente e morreram pouco tempo depois.
Sem os filhotes, a tigresa entrou em depressão. Os veterinários concluíram que se fossem providenciados novos tigrinhos para fazer as vezes dos que haviam morrido, talvez a mãe melhorasse.
Mas surgiu um problema: após levantamento em vários outros zoológicos do país, descobriu-se que não havia tigres em idade e em condições de serem levados até a mãe para que ela passasse os dias de luto.
Os veterinários decidiram, então, experimentar algo que nunca haviam tentado antes, num ambiente de cativeiro como um zoológico. Aventuraram-se a ingresar nessa experiência fiados na constatação de que, às vezes, uma mãe de uma espécie observará redobrados cuidados em relação a indivíduos de uma espécie diferente.
Pois os únicos “órfãos” que poderiam ser encontrados rapidamente eram integrantes de uma ninhada de leitões. O jardim zoológico e os veterinários providenciaram material parecido com a pele da tigresa, envolveram os porquinhos e os colocaram em torno da mãe, que assim teve reduzida sobremaneira a angústia e a tristeza de ter perdido os tigrinhos.
Há outra história.
Recentemente, o canal a cabo National Geographic exibiu documentário impressionante, que os críticos de arte aqui do Espaço Aberto assistiram e ficaram boquiabertos.
Tratava-se de uma leoparda que atacou e matou uma babuína que estava prenha. Morta a presa, a leoparda devorou-a com voracidade, e rapidamente. Mas poupou o filhotinho que saiu do ventre da mãe. E não apenas poupou, mas criou-o com todo o carinho, a ponto de ficar desesperada quando o babuíno, mais crescido, fazia peraltices em cima das árvores. Nessas ocasiões, a leoparda que adotou o macaquinho arriscava-se a cair ao tentar, com as patas, trazer o filhote para junto de si.
Historinhas assim podem até ser banais. Se o são, é porque tornaram-se banais as convenções.
Tornou-se banal - e portanto sem referências e sem critério - o senso moral, que tende a rejeitar o corrupto que surrupia milhões, mas acha que é a coisa mais natural do mundo molhar a mão do guarda da esquina para escapar da multa que deveria mesmo ser aplicada a quem infringiu uma regra do trânsito e pôs a vida dos outros em perigo.
Tornou-se banal a violência, que leva a que só nos espantemos com os crimes horrorosos – e às vezes nem com eles -, minimizando outros tão freqüentes que já se incorporaram às nossas rotinas.
É uma injustiça, diante de tudo, usarmos genericamente o substantivo selvageria ou o adjetivo selvagem para definir muitas condutas compatíveis com os bichos que vivem nas selvas.
É preciso irmos devagar ao pote das nossas comparações. Selvagens, muitas vezes, somos nós. Os animais é que são humanos.
2 comentários:
Belos exemplos. Ótimas histórias para contemplar o dia de hoje. E, pra variar, PB, um excelente texto.
Aporveito a audiência do seu blog para desejar um domingo maravilhoso para todas as mães. Elas merecem.
Orly Bezerra
Grande Orly,
Obrigado.
Pois é. Elas merecerem, sim, todo o nosso carinho, Inclusive e sobretudo as que já estão no Céu.
Abs.
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