sábado, 3 de maio de 2008

“Quem acreditaria na minha inocência?”

Leitor do blog, que se diz 70% convencido de que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram mesmo os autores da morte de Isabela, liga pra cá depois de ler comentário recente no qual se mencionou o filme Doze homens e uma sentença.
A fita, na qual se travam interessantes discussões sofre fatos e aparências que formam o pano de fundo de qualquer investigação ou julgamento criminal, mostra os bastidores de um Júri que absolveu por unanimidade um réu que ingressara no tribunal condenado por antecipação, tantas eram as provas – até então verazes, indiscutíveis e insofismáveis – contra ele.
Pois o leitor que telefonou, já convencido – mas não ainda 100% convencido – da culpabilidade do pai e da madrasta de Isabella, conta em resumo a seguinte história, verídica, que se passou com ele mesmo no ano passado.
Era um dia de semana.
Nosso personagem estava sozinho em casa. Acordou, foi à cozinha do apartamento e deu de cara com uma moça – de seus 18 a 20 anos – que fora substituir a secretária da casa, que naquele dia havia faltado e resolvera mandar a irmã para substituí-la.
O leitor, dono do apartamento – situado no nono andar de um edifício– deu “bom dia” à desconhecida, que ao cumprimento lhe respondeu secamente também com um “bom dia”. Foi a única palavra que os dois trocaram.
Lá pelas 5 horas da tarde, a tal secretária “interina” foi embora. Aí, então, é que o leitor foi saber direito através da mulher - que até então não o havia informado de nada – quem era a moça que passara cerca de sete horas com ele dentro do apartamento, apenas os dois, o leitor e a moça.
Pois a garota era depressiva. Por duas vezes, anteriormente, chegara a atentar contra a própria vida. A mulher do leitor, segundo ele diz, também foi saber desses detalhes lá pelo meio da tarde, mas preferiu não avisar o marido, que se avisado, ainda teria tempo de mandar a secretária interina embora do apartamento, para não se expor a qualquer risco.
Especula o leitor, que sente arrepios só de pensar no que poderia acontecer: “Eu nunca havia conhecido aquela moça. Sabia superficialmente que ela era irmã da secretária titular. Só isso. Vai que a moça, depressiva que era e com antecedentes que incluíam duas tentativas de suicídio, se atirasse do nono andar e morresse estatelada no meio da rua. Quem, sinceramente, iria acreditar inteiramente em mim? Quem iria acreditar que eu não tive a menor participação naquele ato. Quem iria acreditar que eu sequer troquei mais do que duas palavras – “bom dia” – com ela? Quem iria acreditar que não houve nada entre nós e que, portanto, minha participação no incidente era absolutamente nula. Quem iria acreditar na minha inocência?”
Pois é. Quem iria acreditar na inocência do leitor? Se até mesmo quem o conhece dificilmente acreditaria, você, que nem o conhece, acreditaria?
É por causa dessa situação que viveu pessoalmente que o leitor ainda tem os seus 30% de dúvidas. Ele ainda é, até agora, o jurado nº 8 do filme, aquele que ia contra todas as evidências e foi o único a defender a absolvição do réu.
Absolvição que, afinal, foi confirmada depois.

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