Em O ESTADO DE S.PAULO:
Garimpeiros fazem ocupação em estrada de ferro. Vale diz que autoridades devem resolver a questão.
Fogo em pneus, restos de madeira e galhos de árvores sobre os trilhos. Foi assim, sob gritos e palavras de ordem, que cerca de 1.500 garimpeiros voltaram a ocupar ontem a ferrovia de Carajás. Trabalhadores rurais sem-terra também engrossaram a manifestação. A ocupação provocou a paralisação dos trens da Vale, que transportam minério de ferro e passageiros entre o Pará e o Maranhão.
O motivo dessa segunda interdição da ferrovia em menos de um mês - é a décima nos últimos 14 meses - seria o não cumprimento, pelo governo federal e Caixa Econômica, de diversas reivindicações dos garimpeiros. Os trabalhadores exigem da Caixa Econômica Federal o pagamento de compensações em relação às perdas que tiveram com a venda de ouro, em Serra Pelada.
De acordo com a Polícia Militar, o protesto é coordenado pelo Movimento dos Trabalhadores da Mineração (MTM), que agora está unido ao MST na tarefa de colocar o governo contra a parede, cobrando promessas não cumpridas. O garimpeiro Eurival Martins, mais conhecido como Totô, que também já integrou o MST, disse que os trabalhadores voltaram a ocupar a ferrovia porque estão insatisfeitos com a maneira como as negociações estão sendo conduzidas pelo governo federal.
Segundo Martins, a agenda de reuniões não foi cumprida, como havia sido acordado em abril passado, durante a interdição da ferrovia pelos 12 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. 'Ontem tivemos uma reunião e nenhum representante do governo federal compareceu. Não queremos ficar aqui sem negociação nenhuma', resumiu o líder dos garimpeiros.
A expectativa dos garimpeiros é a de resolver seus problemas com o governo e voltar a receber dinheiro pela exploração, desta vez mecanizada, de Serra Pelada. O garimpo está parado há 15 anos. A cava do garimpo, com 500 metros de diâmetro, e um lago com 300 metros de profundidade, abrigaria mais de 25 toneladas de ouro, segundo informações dos próprios garimpeiros.
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