Em O ESTADO DE S.PAULO:
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, previu ontem que o leilão da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, que terá capacidade para gerar 11.182 megawatts (MW), será realizado no primeiro semestre de 2009.
Com quase o dobro da capacidade de 6.450 MW que terão, somadas as duas usinas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, Belo Monte estará a partir de agora no foco dos investidores do setor elétrico.
"Deveremos ter uma competição acirrada (por Belo Monte)", disse o ministro ontem, ao comentar o resultado do leilão de Jirau.
Segundo Lobão, a expectativa é de que o deságio para Belo Monte fique no mesmo patamar das usinas de Jirau e de Santo Antônio.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que o leilão de Belo Monte deverá ser mais concorrido, pois as empresas terão mais tempo para se preparar para a disputa.
Tolmasquim acompanhou o leilão de Jirau nas dependência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em uma sala, juntamente com o ministro Edison Lobão e diretores da agência.
Antes de leiloar Belo Monte, porém, o governo precisa conseguir a liberação da licença ambiental prévia da usina. Algo que, hoje, não parece simples, já que os estudos ambientais do projeto estão suspensos a pedido do Ministério Público Federal.
Resistência
O projeto de Belo Monte vem sendo estudado dentro do governo há mais de 20 anos e sempre gerou polêmica.
A usina enfrenta resistência de órgãos de preservação ambiental e de defesa dos índios. Por conta disso, o desenho original da usina foi alterado para reduzir o tamanho da área alagada.
Hoje, a usina está entre as prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O ministro Edison Lobão reafirmou sua expectativa de que Carlos Minc, que assumirá o Ministério do Meio Ambiente no lugar de Marina Silva, acelere o processo de concessão de licenças ambientais.
"Espero que ele (Minc) cumpra bem o seu importante papel de gestor do meio ambiente", afirmou Lobão.
O ministro disse que Marina Silva sempre foi conhecida como uma defensora "muito ativa" da Amazônia e do meio ambiente.
"Ela é minha colega no Senado Federal, gosto muito dela, é minha amiga querida, mas havia algumas dificuldades que não puderam ser removidas ao longo desse tempo", disse o ministro.
"Não que ela deliberadamente embaraçasse o interesse nacional. Não, ela não o fazia. Ela defendia com muito ardor o seu setor que é o meio ambiente. Espero que o novo ministro defenda também com ardor, mas conceda as licenças mais rapidamente, a exemplo do que fazem os países desenvolvidos", acrescentou.
Segundo Lobão, "uma burocracia demoníaca ainda governa muitos setores no Brasil".
Além do leilão de Belo Monte, o governo tem, para os próximos anos, uma carteira de mais de 50 mil MW de futuras usinas hidrelétricas a serem instaladas, principalmente na região Norte do País.
Segundo dados do Programa de Aceleração do Crescimento , cerca de 20 mil MW em novas usinas estão, hoje, em fase de estudos técnicos, econômicos e ambientais.
Além disso, outros 33 mil MW estão sendo inventariados em dez bacias hidrográficas espalhadas pelas regiões Norte e Centro-Oeste do País.
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