Vejam só que fofura quando um pai, entrado nos cinquenta, acorda de manhã e manda uma carta pra filha.
Uma carta terna, mas também testemunhal e pedadógica.
Terna sem ser sentimentalista, porque não é preciso derramar lágrimas - nem nos textos - para demonstrar amor e consideração pelos outros.
Testemunhal porque se trata de alguém que, mesmo criança, procurou aprender sobre a experiência histórica e para muitos trágica, dolorosa e terrível: a ditadura que se implantou no Brasil em 31 de março de 1964, portanto há 57 anos, e se estenderia por duas décadas.
Pedagógica porque demonstra que nunca é tarde para ensinar-se que o genocídio, ao contrário do que muitos pensam, é crime. E que ditaduras fedem.
Fedem como pum de Bozo (ou será que pum de Mito não fede, gente?)
Vejam, abaixo, a cartinha que o jornalista Paulo Silber, amigo do coração e parceiro de tantas jornadas em redação, mandou para a filha, neste 31 de março, e compartilhou com o blog.
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Eu não estava aqui no dia D. Cheguei um ano depois. Mas, na carne viva da História, não é mentira se sentir a dor que outra gente sente. Por isso, também sofri, lendo, aprendendo e enfim vivendo aquilo que não vivi. Mas que também cortou minha carne. Afinal, golpe é isso, né? Um corte, raso ou profundo, que sempre haverá de sangrar a pele, mesmo cicatrizado.
E agora um desvairado genocida, louco de marré, marré, brinca de pira com a vida, tentando congelar o presente pra ressuscitar passado.
Um período inaugurado num dia como o de hoje, que também nasceu nublado: 31 de março. Um dia que durou 20 anos. Um dia que ainda fede, graça a caras como o Bozo. Quando o Bolsonaro fala, é o Brasil soltando pum.
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