Pacto?
Pactos?
Alguém acredita nessa parada?
Quem tem aí pela faixa dos 50 anos - não precisa nem ser mais - lembra-se bem.
Corriam os anos 1980, início dos anos 1990.
Inflação nas nuvens.
Na estratosfera.
Comissões do FMI chegando todo mês ao Brasil.
Dívida externa flambando a casa do 100 bilhões - de dólares, saibam logo os mais mocinhos.
A cada degringolada da economia em permanente degringolagem, o que faziam?
Convocavam um pacto.
A tentativa era fazer com que governadores, prefeitos, empresários, sindicalistas, partidos políticos, todo mundo, enfim, estivesse representado numa, como chamavam, mesa de negociações para negociar pautas que podiam incluir tanto o controle dos gastos públicos como propostas trabalhistas ousadas.
E quando anunciavam os planos econômicos - aqueles malucos, como os que implicaram até a mudança de moeda?
O passo seguinte também era convocar um pacto.
Essas encenações, afinal de contas, resultavam em quê?
Em nada. Absolutamente nada.
Pois eis que chegamos a 2013 - 20, 30 anos depois daqueles anos.
O Brasil, acreditem, se inscreve entre as democracias mais sólidas do mundo.
A inflação se encaminha para a casa dos 6% ao ano, mas ainda assim muitíssimo abaixo dos índices estratosféricos daqueles anos.
As contas públicas mais ou menos sob controle.
De cofres cheios, por conta de superávits primários expressivos, o país se permite até perdoar dívidas de ditaduras cruéis, sanguinárias, horrorosas, como algumas ditaduras africanas.
Mesmo com essa estabilidade, as ruas se enchem de insatisfeitos.
De Norte a Sul, de Leste a Oeste do país, multidões tomam as ruas para exigir tudo de todos, desde o escorraçamento de corruptos até a conclusão de obras inacabadas, como a do BRT em Belém.
Aturdidos, políticos e autoridades - todos legítima e democraticamente eleitos - não sabem o que fazer.
Até que descobrem uma forma de acalmar as multidões.
O que fazem?
Convocam não apenas um pacto, mas cinco pactos.
Cinco. Um, dois, três, quatro, cinco.
Os pactos, anunciados pela presidente da República ao lado de governadores e prefeitos de capitais, incluem medidas como transformar a corrupção em crime hediondo, proposta que pulula aí pelo Congresso. Uma das propostas é do deputado Fábio Trad (PMDB-MS). Outra é do senador Pedro Taques (PDT-MT), só para citar duas.
Palmas para a presidente.
Palmas para governadores e prefeitos que, tremendo nas bases, e sob os clamores das ruas, apoiaram a iniciativa da presidente.
Palmas para congressistas, que ontem, surpreendentemente, rejeitaram a PEC 37, a da impunidade.
Depois das palmas, no entanto, vamos combinar: quando alguém não quer resolver um determinado assunto, convoca-se uma reunião; quando governantes aturdidos não sabem bem o que fazer, convocam pactos.
Acreditar que esses discursos vão conter essas manifestações é acreditar que os pactos são uma espécie de genérico para iludir quem não tem mais idade para ser iludido.
Fora de brincadeira.
2 comentários:
Dona Dilma tentou "reinventar" a corrupção; agora chamada de "corrupção dolosa"; essa seria crime hediondo.
Ohhhhh, dirão os menos informados.
Faltou combinar com os russos, digo,com os cumpanherus que ao invés disso, assumiram e adotaram todos os mensaleiros condenados.
E ainda os premiaram com vagas caprichadas no congre$$o. (exceto Zé saidaí Dirceu, que é lobbysta internacional).
Aja pacto...
O Senado transformou em hediondo a corrupção, a concussão, o peculato e o excesso de exação. Muito bem!
Mas para melhorar deveriam também transformar em hediondos os crimes do DECRETO-LEI Nº 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967, que dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e da LEI Nº 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950, que define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento do Presidente da República, Ministros de Estado, Governadores e Secretários de Estado.
Abraços, Paulo. Roberto Paixão Junior
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