segunda-feira, 17 de junho de 2013
Ascensão e queda
Havia com certeza uma expectativa nos institutos de pesquisa sobre uma possível queda na avaliação do governo Dilma. No Ibope de março, a presidente, em ascensão, alcançou recorde de apoio desde o início da administração: 63% dos eleitores consideraram o governo “ótimo e bom”. Já se constatou essa queda em alguns estados. Mas, digamos assim, pode haver compensação da perda em outros.
Ainda não há argumentação segura para explicar isso: Violência? Medo? Efeito do “mensalão”? O preço do tomate? A alta do dólar? Há quem considere o episódio, se confirmado, como uma parte de um vaivém comum em avaliações que alcançam níveis tão elevados de aprovação. A queda, se houver, provocará um curioso choque de números: a intenção de voto na presidente está estabilizada. É cedo, porém, para a oposição dobrar os sinos.
Na verdade, as pesquisas Datafolha e CNT/MDA divulgadas no final da semana passada registraram uma queda na avaliação positiva do governo da presidente Dilma. O levantamento apontou aprovação de 54,2% da população. Agora, querer negar que a inflação não pesa. É brincadeira. Pesa sim. Foram feitas várias simulações, mas dois cenários foram de importante avaliação, um dos quais sem contemplar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos do (PSB). Nesse, Dilma tem 54,2% das intenções de voto. Com o socialista no páreo, Dilma aparece com 52,8%. Seu provável adversário na eleição que se avizinha, senador Aécio Neves (PSDB) teve 18% e 17% respectivamente das intenções de votos e pela amostragem está em ascensão.
O motivo da queda todo mundo sabe e não é segredo. Apontado como um dos principais responsáveis pela queda na popularidade da presidente Dilma, o aumento nos preços começou a pesar no bolso do eleitorado. Não acredita? É simples, vá a um supermercado e veja como encolheu o carrinho que você deposita suas compras. Mas outros fatores têm contribuído para a redução da aprovação do governo, essa queda é compartilhada pelo desinvestimento. Fora os campos de futebol para a Copa do Mundo de 2014, que obras públicas e de infraestrutura o governo tem feito? A pressão sobre a balança comercial e a subida do dólar, que, num futuro próximo, vai atingir a classe média quando quiser fazer turismo no exterior. E a mídia televisiva que todos os dias nos mostra o sucateamento nas áreas de saúde, educação e segurança.
Especialistas avaliam que a queda da popularidade de Dilma nas recentes pesquisas Datafolha e CNT/MDA ainda são insuficientes para ameaçar a reeleição dela em 2014, caso o cenário econômico futuro apontado no relatório Focus do Banco Central se concretizem.
Esse tropeço ainda não lhe tira a condição de favorita. Ao projetar as perspectivas elas não são tão negativas, não há previsão de desastres e o cenário do Focus, com crescimento de 2,5 do PIB em 2013 e 3% para 2014, e inflação em 6% é suficiente para reelegê-la, acredita o analista político Ricardo Ribeiro da MCM Consultores.
Contudo, ninguém venha dizer que esse desconforto na baixa popularidade da presidente causou alguma mudança no ânimo de muitos políticos aliados, foi provocá-los a sair dessa aflição em que estavam. Essa queda ainda vai proporcionar mais desconforto no momento em que for analisado o item segurança. Observe o que está acontecendo em Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e outras cidades com protestos: bombas, tiros e confusão.
Há mais provocação dos jovens ou exageros na ação da polícia? Salta os olhos o despreparo da polícia. Nos redutos dos manifestantes, onde são mais frequentes as batidas policiais, quase sempre truculentas. A população está insegura e com medo. Esses violentos distúrbios podem pesar em novas pesquisas.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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