segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Valério, o jogador, está chutando pra fora. É isso?

Marcos Valério: por que só agora, após ser condenado, ele quer revelar coisas que não revelou antes?
Com todo o respeito, mas com todo o respeito mesmo, é difícil, muito difícil de acreditar que Marcos Valério, o ex-carequinha, o operador do mensalão, punido pelo Supremo com nada menos de 40 anos de prisão, ainda tenha alguma coisa para contar.
Ou por outra: ele pode ter, mas não se acredita que serão coisas estonteantes, surpreendentes, capazes de compelir a Procuradoria Geral da República a abrir novas investigações, agora sobre personagens que incluiriam até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas últimas semanas, especula-se que Valério tem muita coisa guardada no baú de suas memórias.
O Estadão já informou que, em setembro, ele depôs voluntariamente, e sob sigilo, ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Teria mencionado o ex-presidente Lula e o ex-ministro Antônio Palocci. E quer a delação premiada, para ficar sob as asas do programa de proteção a testemunhas, porque tem medo de ser morto.
Agora, olhem só uma coisa.
Todos - até ministro do Supremo - concordam que Valério é, como se convencionou dizer, um jogador.
É um cara ispierto. Até demais.
É manhoso.
É cheio de artimanhas.
Insinuante.
Inteligente.
Não à toa, cativou, digamos assim, petistas de alto coturno e acabou como um dos maiorais, um dos condestáveis do mensalão.
Com todo esse cacife, vocês acham mesmo, sinceramente, que Valério teria dito à polícia e à Justiça apenas uma parte do que sabia, amparado na promessa de petistas de que seria punido uma pena bem pequena?
Vocês acham que Valério seria burro a esse ponto?
Acham que o jogador, o manhoso, o ispierto, o insinuante iria acreditar numa promessa que, para se concretizar, deveria ser combinada antes com a mais alta Corte de Justiça do país?
E mais: ainda que Valério tenha coisas bombásticas a dizer, ainda que as informações que venha a prestar ao Ministério Público ensejem a abertura de novas investigações e até mesmo a propositura de novas ações penais, pois ainda assim o ex-carequinha não conseguirá reduzir em um mês, em um dia sequer a pena que o Supremo já lhe impôs.
Então, meus caros, é até possível que Valério tenha guardado alguma coisa e agora esteja apenas querendo se vingar daqueles que lhe fizeram promessas implausíveis.
Ou então ele está mesmo com muito medo de ser morto e, de alguma forma, que ser posto no programa de proteção às testemunhas.
Mas tudo o que vier a dizer valerá para o futuro.
Porque a condenação de Valério não será reduzida, uma vez que o julgamento já acabou.

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