Trio se mancomunou para combinar depoimentos

Sandro Rogério Nogueira Sousa Matos, José Carlos Rodrigues, presos esta manhã por determinação do juiz Pedro Pinheiro Sotero, não estão na cadeia apenas por estarem envolvidos nas fraudes milionárias na Assembleia Legislativa.
O motivo imediato, próximo, mais relevante para que os promotores de justiça Arnaldo Azevedo e Milton Menezes tenham pedido a prisão deles deve-se ao fato, incontestável, de que estavam em conluio, juntamente com Sérgio Duboc - outro alvo de mandado de prisão, mas no momento foragido -, para tentar ludibriar as investigações, combinando depoimentos com a pretensão de iludir o Ministério Público, quando os convocou para falar sobre as fraudes.
Um gravador digital apreendido na residência de José Carlos contém gravações revelando que os três - Sandro, José Carlos e Sérgio - se concluiaram, se mancomunaram. Sandro, por exemplo, diz a José Carlos como deve proceder nos depoimentos e propõe que ele assuma a culpa, dizendo que exercia influência junto às empresas concorrentes e por isso vencia as licitações. Em compensação, o grupo responsável pelas fraudes pagaria os custos do advogado de José Carlos.

José Carlos também afirma, em outro trecho da gravação, que detinha provas para incriminar Daura Hage, outra envolvida nas fraudes, inclusive envolvendo o senador Mário Couto (PSDB), que era presidente da Assembleia quando a Casa contratou a Croc Tapioca, uma empresa, digamos, multiuso, que comercializava desde tapioca até colchões.

De posse das gravações, os promotores consideraram que ficou configurada a intenção dos envolvidos em apagar vestígios do que tinham feito.
Até o momento, ainda não há novos pedidos de prisão no forno. Mas os promotores estão em cima de mais documentos. E ninguém deverá se surpreender se outros foram presos, antes mesmo do oferecimento da denúncia (ação penal) à Justiça.