quinta-feira, 16 de junho de 2011

“A Daura que eu vou falar ficou cheia de patrimônio”



O Espaço Aberto divulgou, ontem à tarde, os trechos, digamos, mais palpitantes de uma conversa elucidativa entre José Carlos Rodrigues de Sousa, sócio da Croc Tapioca (preso desde a manhã de ontem, juntamente com Sandro Rogério Matos), e Sérgio Duboc (também com preventiva decretada, mas por enquanto foragido), que foi diretor Financeiro da Assembleia na gestão Mário Couto.
Na conversa, José Carlos mete a pua, senta o sarrafo, baixa o malho em Daura Hage, sua ex-mulher e ligada a várias empresas que ganharam trocentas licitações na Assembleia, durante a gestão de Domingos Juvenil (PMDB).
“A Daura tem muito dinheiro guardado, Sérgio. [...] Eu tenho certeza, porque antes de eu sair daquela casa [em Mosqueiro] eu fotografei malas e sacolas com dinheiro”, chega a dizer José Carlos.
Agora, você pode assistir a todo o teor dessa conversa entre a dupla. No diálogo, José Carlos procura Sérgio para informá-lo de que a fábrica de tapioca da qual é proprietário está passando por situações difíceis em decorrência das denúncias envolvendo a Assembleia Legislativa.
 José Carlos comunica a Sérgio que quer a casa e o terreno que passou para o nome da Daura de volta para que ele possa, com o dinheiro da venda desses imóveis, construir uma nova fábrica. E acrescenta: “A Daura que eu vou falar ficou cheia de patrimônio. A Daura comprou dois apartamentos nos melhores condomínios de Salinas. Tá lá dois apartamentos. Eu vim saber, tudo escondido de mim. Sem eu saber. Pô, que diabo de esposa é essa, porra? Então, tudo isso eu vim descobrir, porra.”
Ouça o áudio acima. Se tiver dificuldades, leia tudo aí embaixo. Na degravação, “JC” é a referência a José Carlos e “S”, a Sérgio Duboc.

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JC – (...) Começa a entrar a Assembleia Legislativa a partir daí. Tudo que foi feito pra minha empresa, não foram recolhidos impostos federais, tá.  E essa negociação aconteceu há um tempo atrás, a um ano e meio mas ou menos, e eu pedi que a Rosana resolvesse com a Daura isso. E se mostraram na época até intencionado a resolver o problema, fizeram um parcelamento da dívida na Receita Federal que era mais de 200 mil na época. Fizeram o parcelamento. E eu disse “Rosana, vocês não têm interesse em pagar porque não está no nome de vocês. Eu vou abrir mão de todos os patrimônios que eu tenho com  a Daura, mas eu só quero uma coisa: me repassem esses valores, que eu dou o meu jeito. Eu assumo o compromisso com a Receita e vocês ficam isentas.”  Fizeram o parcelamento em cinco anos.
S – Hum...
JC – (...) Não pagaram a dívida. O parcelamento já foi suspenso.
S – Eu já entendi. Só que...continue.
JC – Eu comecei a receber comunicado da Receita Federal e o último foi esse. Um mandado de citação, tá? Já está ajuizado isso. Eu já estou com a minha empresa em dívida ativa, tá certo? Quando eu tomei conhecimento disso aqui foi quando eu ganhei uma licitação e...Sérgio, eu tô numa situação muito delicada com a minha empresa.
S – O pior de tudo é que a doideira recebeu tudo, e os impostos e tudo.
(...)

[4min27seg]
S – Mas vocês foram pagos, não to dizendo a empresa. Foi pago o serviço, depois foi pago mais uma parte só pra cobrir todos esses impostos.
JC – Tô sabendo de tudo isso.
S – Quer dizer, e agora a batata fica na minha mão, de novo.
JC – É, não, pior que não está na tua mão.  Eu vou te colocar certas coisas aqui, Sérgio, que é pra você entender assim como a gente não conhece as pessoas, nem convivendo.
(...)

[5min24seg]
JC -  (...)Eu ganhei uma licitação agora há quatro meses atrás  de 87 mil reais. Na hora da apresentação da documentação minha empresa foi excluída por causa desse débito com a Receita Federal. Foi quando eu vim tomar conhecimento disso. Então, eu tentei tomar contato com Rosana, com o pessoal todinho, com Daura e nem me atenderam.  Então pararam de pagar. Ai, quando começou...
S – Mas chegaram a pagar algumas parcelas?
JC - Chegaram a pagar algumas parcelas, sim. Chegaram a pagar algumas parcelas.
(...)

[7min24eg]
JC – (...) Passaram a pressionar a Daura. “Carlos o que é que tu queres?” – “Eu quero pagar minha dívida na Receita Federal. Eu quero limpar meu nome. Eu quero tocar minha empresa. Eu vivo disso. Eu não tenho outra fonte de renda.”  Então, o que é que eu quero:  o acordo que eu fiz com a Rosana há um ano e meio atrás, ou seja, Rosana, me repassa esses valores da Receita Federal que eu negocio com a Receita. Eu vou parcelar e vocês perdem o vínculo comigo. Não está no nome de vocês, vocês não vão ter interesse em pagar. 
(...)

[8min15seg]
JC – (...) Então, Sergio, o Sandro entrou em negociação com a Daura há quinze dias atrás.  Se reuniram com a Daura umas três vezes. Daura, Rosana, Sandro e mais uma turma de (incompreensível) o pessoal da Assembleia e pesquisaram a minha vida toda, vasculharam a minha vida toda pra ver se achava um rabo de gato. Não acharam nada.
(...)

[9min27seg]
S – Olha, eu num.. eu acho o seguinte:  deixa eu te explicar um negócio. Você diz que é uma pessoa...você tá dizendo, porque a gente tá se conhecendo agora, que você é uma pessoa coerente e justa então veja bem o seguinte:  eu não sou mais de lá pra sair, né?
JC – Hum...
S – Não sei se você sabe disso?
JC – to sabendo.
S – Então deixa eu te dizer: tudo no tocante a essa instituição foi cumprido. Inclusive foi cumprido posterior porque disseram que faltava não sei do quê do imposto, que já tava e foi feito de novo, foi tudo pago, acreditando eu que quem geria esse recurso lá era você.
JC – Rosana, Rosana e Daura...
S – Não, geria o recurso no banco.  É...é...eu não sei quem é que geria.
JC – Eu não tinha acesso nenhum a isso.
S – Mas você...mas ia pra sua conta.
JC – Não ia pra minha conta, Sérgio. Infelizmente eu posso te informar isso: não ia pra minha conta.
S – Ah, não?
JC – Não.
S – eu não sei disso também..
JC – Então, é isso que eu to te falando que nisso te preservaram de muita coisa. Isso aqui é o relatório de faturamento de todos os cheques emitidos. Você como tem conhecimento de toda essa área, domina essa área, eu libero qualquer sigilo bancário pra ver se um cheque desse caiu na minha conta quando na minha empresa. Nunca Sérgio. Todos os cheques Daura, Rosana administravam. Não me pergunte pra onde foram, quem foi beneficiado com esses cheques.
(...)

[11min15seg]
JC – (...) Eu vou...eu estou usando você como último recurso pra não mexer com o nome do Senador que era na época...
S – Não, mas isso não vai mexer.
JC – É...cê sabe que mexe, Sérgio...
S - Não, não mexe porque isso aí, a confusão que acontecer, que aconteça, estoura na mão de todo mundo. Olha, eu sou uma pessoa que se tiver que estourar, estoure. Tá entendendo? Eu não sou, eu não sou de me impressionar com essas coisas. Se tiver que estourar vai ser aquela cagada, e aí vai envolver todo mundo, você inclusive.
JC – Inclusive,...mas eu to ciente disso.
S – Entendeu?
JC – Eu to ciente disso, eu to ciente disso.
S – Isso não é caminho pra, pra...
JC - Eu estou ciente disso. É por isso que eu estou com advogado já com a petição pronta pra dar entrada no Ministério Público, mas ciente de que eu tenho que responder também. Agora pra mim é muito fácil...
S – (incompreensível – parece dizer “e essa droga, pra quê)
JC - E eu vou fazer uma denúncia contra a Daura. Agora infelizmente essa denuncia contra a Daura, vai ter que ser feito uma... uma... vamos dizer assim, uma averiguação pra onde foram esses cheques.
S – Ela vai ter que dar conta.
JC – É, ela vai ter que dar conta. Eu, eu to falando pra você isso porque eu acho que você não sabe de nada dessa historia.
S – Não, não sei mesmo.
JC – É uma coisa séria. A Daura não mediu ainda as consequências dos atos dela, por uma ganância, por um capricho.  A Daura procurou agora uma pessoa em Mosqueiro, quando o Sandro passou a pressionar... o Sandro e a Rosana passaram a pressionar a Daura...
S – Hum..
JC – Ela procurou uma pessoa em Mosqueiro pra procurar uma casa pra ela comprar, uma casa até 200 mil reais, pra ela tirar todas as coisas dessa casa que eu to pleiteando e passar pra essa casa que ela vai comprar.
S – E como ela vai comprar?
JC – Sérgio, a Daura tem muito dinheiro guardado, Sérgio.
S – Cê acha?
JC – Eu num acho eu tenho certeza, porque antes de eu sair daquela casa eu fotografei  malas e sacolas com dinheiro.
S – É mesmo?!
JC – Sérgio, é mais sério do que você possa imaginar!  Eu tenho fotografias de maletas de dinheiro. Eu tenho... no dia que nós mudamos pra essa casa que a Daura mora nós tivemos uma briga...
(...)

[14min40seg]
JC – (...) Inclusive aquele comentário, não sei se você soube de um contador que enganou eles lá, que... uma história de um contador, que esse contador inclusive eu vim descobrir que ela pegava esse dinheiro também, e era uma pontinha pro cara lá e uma pontinha pra ela, entendeu? E o contador acabou enganando ela e a todo mundo.
S – Tá certo.
 (...)

[19min15seg]
JC – (...)  A Daura que eu vou falar ficou cheia de patrimônio. A Daura comprou dois apartamentos nos melhores condomínios de Salinas. Tá lá dois apartamentos. Eu vim saber, tudo escondido de mim. Sem eu saber. Pô, que diabo de esposa é essa, porra? Então, tudo isso eu vim descobrir, porra.
S – Dois apartamentos em Salinas?
JC – Dois apartamentos em Salinas. Tá aqui o recibo. Eu tenho o recibo de tudinho que eu xeroquei tudinho. Então , sabe isso aí é covardia, não tem necessidade disso.
S – Eu vou ver lá, eu vou ver com a Rosana, se ela estiver lá,  quê que tá acontecendo, e dizer pra ver o quê que é, porque que aconteceu essa historia aí. Agora pô, é f..., porque o que é ruim é que as pessoas serem envolvidas que não têm nada a ver.
JC- Não tem nada a ver. Não tem nada a ver. Por um capricho besta, por uma ganância que não tem precedentes... sabe?.... Eu disse tudo isso pro Sandro. Eu digo “Sandro, olhem o quê que a Daura está fazendo. Tentem convencer a Daura que ela não está sozinha nessa historia, que ela está envolvendo pessoas que não têm nada a vê com isso.” Pô, mas nem assim. Hoje tá completando dezesseis dias que começou essa negociação, sem contar com um ano e meio atrás que a Rosana participou da negociação. Pô, então tão brincando. Pelo amor de Deus!..
S – Mas, mas essa casa no Mosqueiro continua no nome dela, hem?
JC – Essa casa, é eu comprei...com a minha empresa.
S – Pois é.
JC – Eu passei pro nome dela. Eu passei uma procuração pra ela.
S – E é essa que você quer de volta.
(...)

Um comentário:

Anônimo disse...

Não vai acontecer nada, seria bom que todos ficassem imediatamente presos e devolvessem o dinheiro roubado! stes caras ficam presos, quando ficam por poucos dias e ficam com todo o dinheiro roubado e provando que o crime compensa.