De um Anônimo, sobre a postagem O nível das solidariedades:
Não se trata de rico ou pobre e nem devemos cair neste erro. Não querendo diminuir o valor de 3, 6... ou 10 vidas, porque todas tem o mesmo valor.
No entanto, a grandiosidade da tragédia de sábado a tarde necessitava sim de uma movimentação de vários setores do Estado e, mais do que isso, necessitava de ações emergenciais, onde a presença de autoridades é sempre bem-vinda, visto que são pessoas com capacidade de tomar decisões que burlem a burocracia.
No caso do incêndio na Mauriti, que também trata-se de uma tragédia, tivemos a presença do poder municipal na presença do Prefeito Duciomar, que, junto com a Defesa Civil, tomou as providências necessárias.
O desabamento do "Real Class" teve três vítimas fatais, desalojou aproximadamente 150 famílias, ocasionou um caos no centro da cidade, interferindo na vida de milhares de pessoas, ricas ou pobres, que precisam passar todos os dias pelo local.
Enfim, não quero em nenhum momento desqualificar qualquer uma das tragédias, apenas a dimensão.
3 comentários:
Outro aspecto que considero também importante e igualmente grave além de tudo que foi comentado pelo o poster diz respeito à subscrição do CREA a esta nota infeliz, para dizer o mínimo. Não consigo conceber como razoável que este órgão que deveria empenhar-se no esclarecimento das causas do desabamento do REAL CLASS subscreva uma nota que traz em seu bojo menção de solidariedade a construtora. Afinal a REAL ENGENHARIA é vítima de que? Se há uma imputação que podemos fazer, sem medo de errar, desde já, é que a REAL é a primeira responsável. A menos que se queira culpar a natureza ou alguma organização terrorista ou algo sobrenatural pela queda do prédio. Concordo que não sejamos precipitados em atribuir a responsabilidade criminal a este ou aquele profissinal, mas minimizar o peso da responsabilidade da construtora é um péssimo sinal. Com essa manifestação o setor da construção civil e, pior ainda, o CREA só nos faz crer que só com muita mobilização da sociedade para evitar que se repita a enorme pizza que virou o processo da RAIMUNDO FARIAS.
Lamento discordar do texto do anônimo. Tragédia é tragédia.Não é porque a vila que mora a pessoa não é a 3 de maio, que não é movimentada, mas lá tabém tem gente, tem seres humanos. Não é por que causou o caos, pois o caos psicológico por que passam os que perderam suas casa em um incêndio no subúrbio, é o mesmo.Trágédia, caro anônimo, não tem grandiosidade, tragéia só tem uma medida, a propria tragédia e isso é a dor.
Real Class e Raimundo Farias: um elo descoberto
A perícia nos escombros do edifício Real Class não foi concluída, mas as semelhanças da tragédia ocorrida no sábado passado em Belém com a que ocorreu em 1987, quando o edifício Raimundo Farias tombou, cada vez mais se aproximam. Ontem, foi confirmada que, apesar da troca de nome ao longo dos anos, a mesma empresa realizou a sondagem das obras nos dois prédios. A direção da Geofort, de propriedade dos engenheiros Durval Pinheiro, Fabiano Pinheiro e Antonio Enéas Resque Duarte, admite que a empresa atuou nas duas obras, mas Fábio Pampolha Pinheiro, engenheiro responsável, assegura que a empresa não fez a fundação do prédio Real Class. “Fizemos a sondagem, estudo preliminar e reconhecimento do tipo de solo, que inclusive é um solo bom naquele local”, acentua. Ele informa que a Solotécnica é quem realizou a fundação. Ouvido pelo DIÁRIO no dia seguinte à tragédia, o proprietário da empresa, Edickson Paes, afirmou que não se lembrava se realmente fizera a obra no Real Class, como já fora publicado.
Na verdade, o engenheiro Durval Pinheiro é quem trabalhou na empresa que fez a fundação do Raimundo Farias, que mudou de nome após a tragédia que teve um o triste saldo de 39 mortos - crime que prescreveu e a Justiça sequer julgou o mérito do processo.
A Geofort foi fundada em janeiro de 1995 e atualmente é uma das maiores empresas da prestação de serviços especiais de engenharia e geotecnia da região. Segundo Fábio Pampolha, a Geofort fez a sondagem preliminar, mas é de praxe a empresa que fará a fundação realizar uma nova sondagem para então fazer a fundação.
Segundo o engenheiro, a Geofort fez várias fundações para a construtora, inclusive, as do prédio ao lado do que desabou, mas conta que na época, por questões comerciais, não fizeram a fundação do Real Class.
Pampolha não admite a relação da empresa com os dois desabamentos. O engenheiro ressalta que a Geofort foi criada somente em 1995 e o Raimundo Farias desabou em 1987. Disse ainda que o engenheiro Durval Pinheiro tem 85 anos e não se envolve mais em questões administrativas, e que a causa do desabamento do Raimundo Farias não se deveu à fundação.
NEGLIGÊNCIAS?
“Pode ser coincidência, mas estes dois prédios implodiram”, relaciona o delegado Paulo Temer, que atuou no inquérito do caso do desabamento do Raimundo Farias e indiciou os proprietários da construtora Marcos Farias, que já mudou de nome e atualmente se chama Vega Construtora. Além dos donos, foram indicados por Temer o engenheiro responsável pela obra e o calculista. Todos foram beneficiados pela inércia da justiça estadual, já que o crime prescreveu sem ser julgado.
Tamer: tragédia é um conjunto de falhas
Com a experiência adquirida na presidência do inquérito de 24 anos atrás, Paulo Tamer relembra as lições que aprendeu com os especialistas em engenharia à época. “Um fator só não derruba prédio nenhum. É a somatória dos fatores, das falhas que vão se acumulando e causando a tragédia”, afirma. “Não há fiscalização de material utilizado, do concreto, dos ferros usados na sustentação, dos pilares, de nada. Tudo fica por conta da própria empresa que executa a obra”, ressalta o delegado. Ele também esclarece que à DRT cabe apenas a fiscalização da segurança dos trabalhadores e as questões trabalhistas.
Para o delegado, o fato de o engenheiro responsável pela obra só ter um ano de formado é o de menos nessa questão. “Tem que confirmar se os projetos estavam sendo executados da forma como foram projetados. A chave pode estar no cálculo estrutural e na fundação”, orienta Tamer.
FONTE: Diário do Pará
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