Da Agência Pará
Quase mil pessoas lotaram o ginásio poliesportivo do município de Vitória do Xingu, neste sábado (12), para participar da segunda audiência pública de apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da usina hidrelétrica de Belo Monte. Estiveram presentes gestores, parlamentares e líderes políticos, religiosos e populares, garantindo amplo debate sobre o projeto por mais de seis horas, em intenso calor que toma conta da região.
O secretário-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, representou a governadora Ana Júlia Carepa na audiência e reafirmou a importância da implantação da hidrelétrica para o Estado, desde que sejam assegurados o plano de desenvolvimento regional sustentável e as vantagens tarifárias para os empreendedores e povos locais.
Puty destacou que a governadora formalizou o interesse do estado na construção de Belo Monte e as condições que devem afiançar a melhoria da qualidade de vida dos paraenses. "O presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff estão sensíveis às causas defendidas pelo nosso povo. Estamos confiantes de que Belo Monte permitirá a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento social", afirmou o secretário.
O posicionamento tem repercutido bem entre boa parte da população local. Vereador no município de Brasil Novo, que recebeu a audiência no último dia 10, Ariston Filho Portugal diz que "o governo está agindo da forma correta, com os pés no chão e com lado definido, que é o lado da população local e do Estado. O governo está afirmando que a gente precisa do projeto, mas com desenvolvimento social e principalmente preservação do meio ambiente".
Prefeito de Vitória do Xingu, Liberalino Neto também ressaltou a necessidade de realização do projeto com condições: "Se o município vai ajudar a produzir mais de 11 mil megawats de energia e contribuir com o desenvolvimento da nação, é justo que não fiquemos apenas assistindo ao progresso passar e tenhamos também empregos e desenvolvimento em toda região da Transamazônica".
O diretor de Energia da Eletrobrás, Valter Candel, informou que o órgão é responsável pela chancela socioambiental e estudos de viabilidade do projeto, que agora estão sendo apresentados nas audiências públicas, por determinação legal. Ele lembrou que o projeto está em análise e ajustes há 34 anos e acredita que será possível, definitivamente, implantar a terceira maior hidrelétrica do país, com energia renovável e limpa.
Preocupação - Era pequeno o número de indígenas na audiência e as posições entre eles são divergentes. Representante de povos Juruna, Sheila Juruna manifesta contrariedade e dúvidas sobre o projeto: "Temos preocupação ambiental e social. A saúde e a educação para nós são precárias. Temos preocupação ainda com a invasão de nossas terras, porque o município vai crescer e já estão chegando pessoas estranhas na área. Será que vão garantir nossos direitos, a qualidade de vida do nosso povo? A gente quer diálogo, para que a gente possa conquistar algumas coisas".
Já Maria Augusta Borges Xipaia (na foto, da Agência Pará), de 63 anos, da comunidade Xipaia, chegou vestida com camisa de apoio ao projeto. "Nem todos concordam, entre nós, mas não temos muita assistência, a gente ‘veve' pela graça de Deus. Com certeza vamos ter desenvolvimento grande na região com o projeto", acredita.
Órgãos da segurança pública dos governos federal e estadual acompanham as audiências públicas, sob a coordenação do coronel Paulo Roberto Barros, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Ele explica que a mobilização foi feita com foco na prevenção de danos materiais e humanos e está confiante de que as manifestações ocorrerão apenas no campo das ideias.
Mais de 200 novos policiais se integraram às tropas do Xingu, incluindo homens do Batalhão de Choque, de Belém, da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Rodoviária Federal. Polícia Civil, Bombeiros e Detran também participam da missão. Para Vitória do Xingu também foram mobilizadas lideranças de Pacajás, Anapu, Senador José Porfírio, Porto de Moz e Gurupá. Neste domingo, a audiência será em Altamira.
Um comentário:
Tem que ter audiência nas aldeias, para haver mais transparência junto a esses povos. O quanto eles estão cientes do projeto para defender ou ser contra?
E o governo do estado tem mais é que defender mesmo os nossos interesses, porque os "odebrecht e gutierres" da vida é que não vão fazer.
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