terça-feira, 8 de setembro de 2009

Dunga, o técnico e o homem

JUCA KFOURI

Não pensaria duas vezes se tivesse que escolher entre Dunga e Mano Menezes para ser técnico de meu time.
Caso a escolha fosse posta ficaria com Mano Menezes, sem titubear.
Porque é muito menos difícil, tecnicamente, ser treinador de uma seleção como a do Brasil do que ser técnico de um clube, como o Corinthians, o Flamengo etc. Só mesmo a pressão popular pode ser maior, embora ninguém ame a seleção na mesma medida que ama o clube de coração.
De resto, todas as vantagens são do técnico da seleção nacional, que escolhe quem quer entre o que há de melhor no mundo e que, por mais que erre com Afonsos e coisas parecidas, sempre tem um Kaká para compensar.
É claro que dirigir time de clube tem a vantagem da convivência diária com os jogadores, mas até isso varia conforme a personalidade de quem dirige, varia de pessoa para pessoa no contato com os grupos de jogadores, alguns capazes de criar fortes vínculos, outros, invencíveis rejeições.
Não se fará aqui a maldade de dizer, como muitos dizem, que os méritos táticos da seleção brasileira são do auxiliar-técnico Jorginho e que as jogadas de bola aérea são tão óbvias que alguém deveria ter vergonha de citá-las.
E não se fará por duas razões básicas: fosse verdade em relação a Jorginho, nem assim deixaria de ser mérito de quem o escolheu como ajudante; óbvias ou não, as jogadas têm dado certo, os argentinos de Maradona que o digam. E está aí o que motiva a coluna.
Ao responder ao repórter Fernando Gavini, da ESPN Brasil, sobre as deficiências da defesa argentina, Dunga teve um chilique, ao ver na pergunta o desmerecimento da "imprensa brasileira" ao seu trabalho, quando não só não era nada disso diante da escancarada fragilidade da zaga rival, que tem até o ex-corintiano Sebá como titular, como era uma pergunta de um jornalista de um veículo, não de todos os jornalistas de todos os veículos, generalização mais que indevida, portanto.
E é nestes momentos que se revela um Dunga detestável.
O ótimo jogador que foi, embora, é claro, não faça nenhum sentido compará-lo a Maradona, não fez dele melhor homem do que é, o que atrapalha o técnico, cuja superioridade no quesito sobre Maradona é também abissal.
O tal homem que exige atitudes francas de todos esconde-se ao não responder a um dos jornalistas mais respeitáveis deste país. Crítico que ele atacou mentirosamente ao dizer que este o criticara em público e pedira desculpas particularmente, coisa que não aconteceu e que lhe foi cobrada até por carta em sua casa, sem resposta há mais de dois meses.
O mesmo Dunga pediu e, pior, ganhou, a cabeça de um outro jornalista, por sinal xará de um ex-técnico da seleção por quem Dunga tem adoração, simplesmente porque soube que este comemorara a provável queda dele quando da derrota na Olimpíada de Pequim.
Dunga pode até voltar com o hexacampeonato em 2010 em razão dos méritos que demonstra no comando do time da CBF, mas será uma pena se for com tal comportamento, baixo como um anão.

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O artigo está disponível na Folha de S.Paulo, edição desta segunda-feira (07)

Um comentário:

Anônimo disse...

O Dunga, pode e deve ser da maneira que ele quizer.
O importante é que ele está enchendo de orgulho o sofrido povo brasileiro. As vitorias contra o Uruguai e Argentina, são inquestionáveis e nunca antes conquistadas com o mérito inconteste da empolgação futebolistica apresentada.
Os comentaristas preferem os tecnicos que apresentem resultados pífios para poder se arvorarem de salvadores da pátria e ter motivos para debates ilusorios.
Chega de aves agourentas e viva DUNGA