quarta-feira, 25 de março de 2009

Senado agora diz que só tem 38 diretores

Na FOLHA DE S.PAULO:

Pela terceira vez em uma semana, e fazendo um malabarismo semântico, o Senado reviu o número de diretores que mantém na Casa -disse agora que são apenas 38, e não 181, e que vai reduzir esse número para 20. Ao todo, prometeu acabar com 68 cargos de comando que dão direito a adicionais ao salário que variam de R$ 2.064,01 a R$ 2.229,13. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), havia prometido que cortaria a metade das diretorias.
O diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, disse que a Casa errou ao informar inicialmente que possuía 181 diretores. Segundo ele, havia cargos que tinham a denominação de "diretor", mas na verdade se caracterizam como postos de "assessoramento superior".
Na sexta-feira passada, o Senado divulgou uma lista com 50 nomes, desses 181, que perderiam o adicional. O primeiro-secretário, senador Heráclito Fortes (DEM-PI) afirmou ontem que poderá até rever alguns nomes. "Não vamos baixar esse número de 50. Mas pode haver substituições", disse.
Agora, apenas 20 servidores da Casa receberão adicional ao salário bruto que pode chegar a até R$ 2.229,13 como diretores. A direção do Senado ainda não deixou claro o total de servidores que irá perder o adicional de diretorias de segunda escalão. "Vão restar poucos servidores", disse Gazineo.
O primeiro-secretário afirmou que a redução terá como referencial a estrutura que a Casa detinha oito anos atrás. Foi em 2001 que as secretarias começaram a ter status de diretoria, com a criação do cargo de diretor de Recursos Humanos.
Um levantamento parcial feito pela Folha durante uma semana encontrou 58 atos da gestão José Sarney (PMDB-AP) criando diretorias. Em apenas um deles há 16. Edison Lobão (PMDB-MA) criou cinco, Ramez Tebet (PMDB-MS, dois e Renan Calheiros (PMDB-AL), 14 pelo menos.
O Senado não divulga a quantidade de diretorias criadas por cada um dos senadores. Há uma semana, a Folha questiona quem foram os responsáveis pela criação de diretorias. A diretoria geral defende que só é possível saber isso fazendo uma pesquisa nos atos administrativos na Mesa Diretora.
Apesar de estar disponível na rede interna de internet da Casa, os atos não deixam claro o número de diretorias, isso porque um mesmo documento traz a divisão de secretarias e subsecretarias.

Histórico
Desde o início do mês, uma série de denúncias fez o Senado cair numa crise administrativa, a começar pelas demissões dos diretores Agaciel Maia (Diretoria-Geral) e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos) -ambos estavam em seus cargos há pelo menos 14 anos. Em seguida, Sarney pediu que "todos diretores da Casa" colocassem seus postos à disposição. A decisão trouxe à tona a informação de que o Senado abrigava mais de um centena de diretores.
Na sexta-feira passada, Heráclito havia dito que 50 diretores perderiam seus cargos. Até agora, porém, as exonerações não foram publicadas no boletim de pessoal da Casa.
Há casos de diretores de si próprio, já que não possuem subordinados. É o caso do diretor de Relações Internacionais. Existem ainda funções sobrepostas como o diretor de jornalismo eletrônico e o da agência Senado. Há ainda o diretor do jornal do Senado, que circula uma vez por semana. Ou as diretorias de Relações Públicas e de Coordenação de Eventos.
Segundo Heráclito, o Senado está trabalhando "com a tentativa de reduzir esse número [20] para 14 ou 16". "Estamos colocando esse número aqui para ter um pouco de segurança", completou o primeiro-secretário, que reconheceu estar tomando medidas sob pressão.

Nenhum comentário: