sábado, 28 de março de 2009

Representante da Fiesp no DF é filho de ministro do TCU

Na FOLHA DE S.PAULO:

Apontado pela Polícia Federal como responsável por coordenar a distribuição de doações de campanha da empreiteira Camargo Corrêa a partidos e políticos, Luiz Henrique Maia Bezerra, 31, representante da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) em Brasília, é filho do ex-senador e ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Valmir Campelo.
Campelo é relator de processos de fiscalização de grandes obras que têm a participação da Camargo Corrêa. Entre elas, as refinarias do Nordeste (PE) e Presidente Getúlio Vargas (PR), ambas incluídas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O ministro nega que haja conflito de interesses.
O nome de Luiz Henrique consta do relatório da Operação Castelo de Areia, da PF, que prendeu quatro diretores da empreiteira nesta semana. A Fiesp é apontada na investigação como suposta intermediária das doações da Camargo Corrêa. A federação nega.
Em Brasília, como assessor da presidência da Fiesp, Luiz Henrique tem como principal atribuição cuidar das relações institucionais da entidade com o Congresso e o governo, acompanhando o andamento de projetos de interesse das empresas associadas à federação.
Nos grampos da Castelo de Areia, ele é citado em conversas entre diretores da Camargo Corrêa como sendo o responsável pela distribuição de recursos aos políticos. Há a suspeita de que tenha havido doações ilegais. Os destinatários dos recursos dizem que elas foram registradas na Justiça Eleitoral.
No dia 15 de setembro de 2008, pouco antes das eleições municipais, Pietro Giavina Bianchi diz a Fernando Botelho, ambos executivos da empreiteira, que deu a ordem a Henrique: "(...) Avisei ele que tava sendo enviado para Brasília esse dinheiro... E para... Justamente fazer a... Distribuição... Eles que resolvessem o que fosse fazer, né?".
Botelho, depois, diz a Pietro ter sido informado de que a doação ainda não fora consumada: "Eu falei com o Paulo... Eu falei com o Paulo Skaf [presidente da Fiesp] agora e ele falou que não foi feito ainda".
Além das refinarias do PAC, Valmir Campelo foi relator, por um período, do processo do aeroporto de Vitória (ES), considerado o mais grave envolvendo a Camargo Corrêa no TCU. Campelo foi substituído na relatoria por Raimundo Carreiro, que registrou: "Desconheço se nesta corte já houve análise de situação semelhante".
As obras foram suspensas no ano passado, com a relatoria já a cargo de Carreiro, depois de o tribunal ter identificado graves problemas. O acórdão, de 2008, afirma que dois anos antes, em 2006, Campelo determinou a continuidade das obras, apesar das irregularidades. Com base na análise de 40% do valor do contrato, o TCU identificou sobrepreço de R$ 35 milhões. Além da cobrança acima dos valores de mercado, o tribunal identificou o pagamento de serviços não executados.
Na época, com a justificativa de evitar parar uma obra considerada importante para o Espírito Santo, Campelo levou adiante apenas a proposta de reter parte dos pagamentos. A Camargo Corrêa contestou e paralisou as obras em abril de 2007, por oito meses. A suspensão definitiva só seria determinada pelo TCU em agosto de 2008. A substituição dos relatores seguiu regras do tribunal.
Luiz Henrique foi contratado pela Fiesp em maio de 2008. Um mês antes, o pai havia assumido a relatoria do processo da Refinaria do Nordeste. Campelo elaborou voto determinando à Petrobras a retenção de R$ 23 milhões por 12 irregularidades. O voto foi aprovado pelos outros ministros, e o consórcio que inclui a Camargo Corrêa apresentou defesa para tentar reverter o entendimento.

2 comentários:

Anônimo disse...

Será por isto que a FIESP é tão importante?

Poster disse...

A Fiesp também faz das susas, não é, Anônimo.
Ela diz que não, mas fica a suspeita.
Abs.