terça-feira, 17 de março de 2009

Lula faz "críticas desmedidas" à imprensa, afirma entidade

Na FOLHA DE S.PAULO:

Em relatório divulgado ontem no Paraguai, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz "críticas desmedidas" aos meios de comunicação.
O Palácio do Planalto não comentou oficialmente o documento, no qual o comportamento de Lula em relação à imprensa é comparado ao do colega venezuelano Hugo Chávez.
"O presidente brasileiro sempre ataca a imprensa e lança críticas desmedidas quando o enfoque do noticiário ou de um comentário não lhe agrada", diz o relatório sobre liberdade de expressão no Brasil.
A SIP, organização sem fins lucrativos que reúne empresários e editores de meios de comunicação da América, menciona a recente entrevista de Lula à revista "Piauí", na qual "chegou a dizer que a leitura dos jornais lhe causa azia".
Um dos casos mais polêmicos ocorreu em 2004, quando o jornalista Larry Rohter, correspondente do "New York Times", publicou reportagem sugerindo que havia "preocupação nacional" com supostos excessos do presidente no consumo de bebida alcoólica.
Lula determinou o cancelamento do visto de Rohter, o que levaria à sua expulsão do país, mas, sob pressão, voltou atrás. Em fevereiro passado, durante encontro com prefeitos em Brasília, Lula reclamou da imprensa mais uma vez. "Fiquei triste como leitor porque estão abusando de minha inteligência. Tem gente que pensa que o povo é marionete. Disseram que é um ato para promover dona Dilma Rousseff. São pessoas pequenas", disse.
Lula só concedeu a primeira entrevista coletiva em 2005, dois anos e quatro meses depois de assumir a Presidência.
Em seu relatório, a SIP destaca ainda que o governo tentou criar, também em 2004, um Conselho Federal de Jornalismo para disciplinar e fiscalizar a atividade da imprensa, iniciativa que acabou suspensa após repercussão negativa.
A SIP menciona ainda o empenho do Planalto para promover uma Conferência Nacional de Comunicação neste ano (leia texto abaixo), iniciativa que a entidade diz ver com preocupação.
Além de criticar a impunidade de crimes contra jornalistas, a SIP chama a atenção para o aumento de casos de agressão governamental. "Agora são os governos que não só estão abusando da imprensa, como estão atiçando as chamas do ódio", diz o texto, que aponta para a piora do clima de liberdade de imprensa na América Latina.
Segundo a entidade, na Venezuela o presidente Chávez "segue com sua tarefa de humilhar oficialmente a imprensa".
"Sua retórica tem consequências reais, como se pode ver nos violentos ataques a repórteres da Globovisión em outubro passado", afirma a SIP.
Segundo a organização, "essa tática tem sido adotada entusiasticamente por outros chefes de Estado", como Evo Morales (Bolívia), Álvaro Uribe (Colômbia) e o próprio Lula.
Após ser reeleito, Lula participou de evento com Chávez na Venezuela, onde disse ter sido "vítima da incompreensão e do preconceito" da imprensa.

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