quarta-feira, 4 de março de 2009

A CPI dos fundos de pensão - A raposa e as uvas

No Blog de Lucia Hippolito, sob o título acima:

Conta a fábula que, não podendo comer as uvas de um vinhedo, a raposa, invejosa, desdenhou: "Estão verdes. Só cães as podem tragar."
Será que é assim que devemos entender a ação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao propor a criação de uma CPI para investigar os fundos de pensão das estatais?
Depois da fracassado (por enquanto) ataque sobre o Fundo Real Grandeza, dos funcionários de Furnas e da Eletronuclear, o nobre parlamentar propõe uma devassa completa nos fundos de pensão.
Sejam quais forem as razões do nobre parlamentar, será muito bem-vinda a instalação de uma CPI como essa.
Desde o início do primeiro mandato do presidente Lula, histórias cabeludíssimas cercam esses milionários fundos de pensão. Dizia-se que o então ministro Luiz Gushiken tinha um estranho interesse nesses fundos.
Quando do escândalo do mensalão, a CPI dos Correios comprovou que recursos do Real Grandeza foram usados para pagar os mensaleiros, entre outros serviços. Além disso, investimentos vultosos e desastrosos no Banco Santos (faliu) e o BMG e Banco Rural (os dois, afundados no mensalão).
Em 2007, o deputado Eduardo Cunha fez uma tentativa de se apoderar dos principais cargos no Real Grandeza. E tal como agora, não obteve sucesso. Mas parece não desistir.
Só isso já é razão suficiente para se instalar uma CPI. Mas tem muito mais.
O Refer, dos funcionários da extinta Rede Ferroviária Federal, também está sendo vítima de "ataque especulativo".
Petros, Geap, Funcef, Postalis, Centrus, Serpros, Portus e Eletros. Todos são fundos de pensão de estatais, e objeto de preocupação de funcionários e pensionistas.
E temos a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, um dos maiores cofres da República. Não houve processo de privatização que não contasse com a presença da Previ.
No momento, os investimentos hoteleiros da Previ, por exemplo, estão se demonstrando desastrosos. O Hotel Méridien, na praia do Leme, no Rio de Janeiro, passou o verão todo com os 500 quartos fechados, porque o contrato com a operadora espanhola foi rompido, e a Previ não sabe o que fazer com o prédio. Quase 20 milhões de reais de prejuízo.
A Costa do Sauípe, na Bahia, outro megaempreendimento da Previ, é um fiasco. E existe ainda o Hotel Serrador, no centro do Rio, que não se sabe que destino teve, nem se ainda pertence à Previ.
Por tudo isso, é muito bem-vinda uma CPI dos fundos de pensão. Afinal, é dinheiro do contribuinte (as empresas depositam uma contrapartida à contribuição dos funcionários) e de milhares de funcionários, aposentados e pensionistas. É dinheiro suado do trabalhador brasileiro.
Que venha a CPI. A transparência no uso do dinheiro público, a democracia e o bolso do contribuinte brasileiro agradecem.

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