domingo, 7 de dezembro de 2008

Riachuelo entre a decadência e a cultura

No AMAZÔNIA:

São dez horas da manhã e na esquina da travessa 1º de Março com a Riachuelo, a um quarteirão da Praça da República, uma mulher gorda, maquiada e sem beleza nenhuma se oferece para os motoristas de carros.
Outras três na mesma rua permanecem no batente da porta de uma casa, flertando com quem passa. As casas da Riachuelo, a rua que corta o bairro da Campina em dois, ainda servem como pontos de prostituição.
À luz do dia, não é raro ver mulheres sentadas às portas das casas esperando por clientes. As calçadas, quase sempre abarrotadas de lixo, completam o retrato de abandono e decadência da via histórica.
Há pouco tempo, dois espaços dedicados ao teatro começaram a reescrever a história da Riachuelo. O Espaço Cuíra, localizado na esquina da 1º de Março, está prestes a comemorar quatro anos de atividade. A quarteirões dali, no porão de um casarão antigo, outro espaço dedicado às artes cênicas resiste sem propaganda e sem nenhum incentivo. É o teatro 'Puta Merda', criado pela pesquisadora Wlad Lima na casa dela para receber espetáculos de teatro experimental.
A Riachuelo, que há uma década não passava de um corredor decadente entre o centro comercial e área nobre da cidade, foi inserida no roteiro cultural de Belém por conta do teatro, mas ainda padece pelo descaso do poder público.
'A gente tem tido muitos problemas em relação à segurança', reclama Edyr Proença, um dos criadores do espaço Cuíra. 'Garantir o policiamento é o mínimo que o Estado poderia fazer pelo bairro. Dando condições de segurança para quem mora e trabalha aqui'.

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