No AMAZÔNIA:
Na quarta-feira da semana passada, o jornalista Ingo Müller entrou numa agência de viagem e usou parte do 13º salário para comprar uma passagem de ida e volta para Brasília (DF). Na capital federal desde ontem, ele será um dos 30 mil torcedores que estarão hoje à tarde no estádio Bezerrão para assistir a partida entre Goiás-GO e São Paulo-GO. O jogo, válido pela última rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, pode dar ao Tricolor paulista um inédito tricampeonato nacional (três conquistas seguidas), feito que nenhum outro clube obteve.
A loucura, segundo ele, tem um motivo especial. 'Desta vez, eu tenho a certeza que vou testemunhar a história sendo feita', diz. 'Em toda a história do Brasileirão, nunca houve um hexa. O Flamengo-RJ foi penta em 1992 e parou aí. Nos últimos anos, o São Paulo dominou o campeonato de pontos corridos'. Como só a passagem não bastava, Ingo teve a ajuda em Brasília do também jornalista Daniel Nardin, responsável pela compra dos ingressos. 'Meu contato acabou de ligar. Às 16h20 [de Belém], ele conseguiu comprar dois ingressos. Sendo que ele entrou na fila às 8h30 do horário local! Oito horas de fila por causa do São Paulo!'
Da capital federal, Nardin contou um pouco do suplício quando ainda estava na fila. 'Bem que podia ser a matéria do ‘suplício de um jornalista na fila’. É uma confusão só. Todo mundo fura a fila. Nem dá para falar direito. Liga mais tarde'. Uma hora depois ele conseguiu os ingressos. 'Sei que é um pedido que a gente faz somente a um amigo, mas eu prometi a ele que a cerveja será por minha conta', lembrou Ingo.
No entanto, o São Paulo ainda não é campeão. Está quase, mas se perder e o Grêmio-RS vencer o Atlético-MG em casa, o título vai para o Olímpico. Situação que o paraense nem quer pensar. 'Não cogitamos hipóteses absurdas. São nove combinações de resultados possíveis. Destas, apenas uma tira o título do São Paulo', afirma. 'Essa situação dá um tempero ao jogo de domingo. Olha só: independente do resultado da rodada, o Brasil verá um tricampeão tricolor surgir. Se o Grêmio ganhar - ‘isola! bate na madeira!’ - será tri no acumulado. Se o SP ganhar [e vai], vai ser tri seguido.'
As explicações para o 'momento único' que será a partida em Gama não param aí. 'O São Paulo nunca foi tri seguido de nada. Nem do Paulistão! Esta pode ser a primeira vez em sua história que a taça fica por três anos no Morumbi. Então existe uma grande carga de responsabilidade neste dia. Outra coisa que eu me dei conta hoje: o fato de termos dois jogos decisivos sendo disputados, no Bezerrão e no Olímpico, dá um novo significado à expressão ‘final de 180 minutos’. Isso nunca ocorreu no Brasil. São como se fossem duas finais simultâneas. É o ‘futebol quântico’ cara. O mundo das possibilidades.'
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