A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará premia hoje, dia em que se comemoram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a pastora luterana Rosa Marga Rothe, que será distinguida com o Prêmio José Carlos Castro.A festa será na praça (na foto) que ficam em frente ao prédio da OAB. Começará às 19h, com um culto interreligioso. Às 19h30, haverá apresentação de músicas e distribuição de camisetas alusivas ao tema – 60 anos da DUDH e 20 anos da Constituição Federal. A premiação de Marga Rothe está prevista para as 20h. A partir das 21h, coquetel e música.
“A OAB enfatiza, este ano, a luta pela redemocratização do Brasil, e a Seccional abre o debate a partir deste dia 10, objetivando com isso destacar a necessidade de conhecermos nossa história, em especial para que os erros do passado não se repitam”, diz a advogada Mary Cohen, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA.
Marga Rothe nasceu em 01.06.1940 na Alemanha, migrou com a família para o Brasil e, após duas décadas em Teófilo Otoni (MG), fixou residência em Belém, onde se naturalizou brasileira.
Estudou Teologia na Universidade Federal do Pará. É Especialista e mestra em Antropologia Social. É fundadora da Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos.
Na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), é fundadora da Paróquia de Confissão Luterana em Belém. Participou da criação da Pastoral Popular Luterana e vem contribuindo com iniciativas feministas.
De agosto 1981 a dezembro 1984, foi ativista no Movimento pela Libertação dos Presos do Araguaia onde coordenou a comissão ecumênica. No Centro de Intercâmbio de Pesquisas e Estudos Econômicos e Sociais (CIPES) coordenou a equipe de Educação Popular, promovendo alfabetização de adultos (método Paulo Freire).
Marga Rothe foi a primeira ouvidora do Sistema Estadual de Segurança Pública do Pará, por indicação da Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos - SDDH, com apóio da sociedade civil. Concluiu o quarto mandato em julho 2005.
Como ouvidora do Sistema de Segurança Pública, participou de várias iniciativas pioneiras em nosso estado, tais como: a criação do Programa de Proteção de Vítimas e Testemunhas no Pará e o programa de Proteção para Defensores de Direitos Humanos.
Marga Rothe integrou a Campanha Estadual Contra a Tortura e coordenou a elaboração da primeira e da segunda edição da Cartilha "Tortura-Vamos combate-la", que inusitadamente, contou com a participação do Conselho de Segurança Pública do Estado, das Corregedorias das polícias civil e militar, do Ministério Público estadual, Tribunal de Justiça do Estado, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado, Comissão Justiça e Paz, do Cedeca, do MMCC e da OAB.
Em 10 de dezembro 2004, foi agraciada com o Prêmio Direitos Humanos da Presidência da República, na categoria "Segurança Pública", por indicação da Secretaria Especial de Direitos Humanos.
Marga Rothe atuou ativamente pelo retorno da democracia. A luta contra a ditadura militar era feita coletivamente, especialmente via SDDH, Jornal Resistência, movimentos populares como a CBB (Comissão dos Bairros de Belém), Direito de morar, o Cipes - onde começamos com o Método Paulo Freire, alfabetizando adultos e treinando monitores.
Coordenou a coleta de mais de 50 mil assinaturas, perante a Justiça Militar, pela libertação dos presos 15 presos do Aragauia, sendo dois padres franceses, Aristides Camio e Francisco Gourio, ambos enquadrados na famigerada "Lei de Segurança Nacional", sob alegação do uso de textos subversivos, um dos quais era o "Cântico de Maria" e o outro seria o conteúdo de uma pregação do padre Aristides. O padre Francisco deveria ser expulso, (assim como o padre Aristides) porque andava na companhia daquele e distribuía folhas com "cantos subversivos" nas missas.
A Lei de Segurança Nacional, por cuja abolição lutavam todas as pessoas conscientes, acabou sendo atenuada graças à repercussão que o MLPA conseguiu alcançar naquele momento.
Com informações da OAB-PA
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