Em O ESTADO DE S.PAULO:
De fuzis em punho, policiais militares esperavam, na última terça-feira, a candidata a vereador Ingrid Gerolimich (PT) chegar à favela da Rocinha, na zona sul do Rio, para um corpo-a-corpo. Conversar com eleitores de uma comunidade pobre, o que seria rotina para um candidato, tornou-se ação arriscada diante de um fenômeno em evidência na capital fluminense. Áreas dominadas há décadas pelo narcotráfico e, mais recentemente, por milícias (quadrilhas de policiais e bombeiros) estão sendo transformadas em reservas eleitorais, onde só candidatos autorizados pelo poder paralelo podem se apresentar, e moradores são pressionados a votar neles.
O aparato que esperava Ingrid foi motivado pelo ofício que ela havia enviado à Justiça Eleitoral e ao governo do Estado pedindo garantias para fazer campanha em áreas da cidade dominadas por criminosos. Aos 24 anos, loura, de olhos verdes, Ingrid não é uma patricinha com medo de entrar em favela. Moradora de Anchieta, na zona norte, já liderou um projeto social na Vila do João, uma das comunidades mais violentas do Complexo da Maré. Nunca teve problemas para circular na Rocinha, mas, ao se tornar candidata, foi advertida por colaboradores locais a não entrar mais.
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