Cerca de três mil pessoas participaram da abertura, no ginásio poliesportivo de Altamira, do Encontro Xingu Vivo para Sempre. O evento, que acontece até a próxima sexta-feira, pretende identificar as principais ameaças à integridade ambiental da bacia do Rio Xingu e as conseqüências para os povos da região (índios e não índios).
A abertura teve seu início quando integrantes da tribo kayapó entraram no ginásio. Logo após sua entrada, a tribo dos xicrins iniciou sua dança. Um de seus representantes era a índia Tuíra, que em 1989 encostou seu facão no então diretor da Eletronorte e hoje presidente da Eletrobrás, José Muniz Lopes. Depois de quase 20 anos, a índia levantava o seu facão como antes.
Outras tribos também participaram do evento: Parakatejê, Assurini, Araweté, Panará, Kararaô,Mbengokrê, Kokraimoro, Arara, Juruna, Xipaya, Curuaya, Krahô, Apinagé e Parakanã. Após a apresentação do hino nacional, cantado em língua kayapó, representantes dos ribeirinhos e agricultores falaram.
O bispo do Xingu, dom Erwin Krautler, primeiro a falar, ressaltou que o rio "foi criado por Deus para todos esses povos que aqui se encontram, indígenas e não indígenas, desde tempos imemoriais". Ele afirmou ainda que um dos objetivos do evento é identificar as ameaças ao ecossistema e aos moradores do Xingu. Dom Erwin é um dos três bispos paraenses ameaçados de morte e deve se reunir, nesta quarta-feira, com o secretário Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi, que estará em Altamira especialmente para conversar com o religioso.
Programação
Para esta terça-feira, estão programados depoimentos sobre o Encontro dos Povos Indígenas de 1989 e a exposição pelo professor Oswaldo Sevá/Unicamp, cobre o "Complexo de Hidrelétricas do Xingu". Mesa-redonda também vai discutir o desenvolvimento econômico e qualidade de vida no Xingu. Estão previstos depoimentos de ribeirinhos, de agricultores familiares e de indígenas.
Um representante da Eletrobrás vai discorrer sobre o novo inventário mudanças em relação ao anterior. O professor Oswaldo Seva, da Unicamp, abordará a terceira tentativa de barrar o Xingu e as possíveis conseqüências.
Roquivam Alves da Silva/MAB vai falar sobre o exemplo de Tucuruí, Rio Madeira e outros. A análise sobre as hidrelétricas no Brasil estará a cargo de Glenn Switkes, do International Rivers. Estudos de Avaliação da Equidade Ambiental - o caso Belo Monte terá abordagem de Jean Pierre Leroy, da Fase Nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário