terça-feira, 20 de maio de 2008

PSDB avança pouco e empaca: nada decidido sobre outubro

* De concreto, só a rejeição ao prefeito Duciomar Costa
* Mário Couto abandou a reunião demonstrando irritação
* Candidato próprio e aliança com o DEM são alternativas

Terminou no início da madrugada desta terça-feira a reunião das bancadas do PSDB na Assembléia Legislativa e no Congresso Nacional com o ex-governador Simão Jatene, para discutir os rumos do partido na eleição para prefeito de Belém, em outubro.
Ao final da reunião, que começou no início da noite e se realizou no gabinete do senador Fernando Flexa Ribeiro, os tucanos não avançaram um milímetro sequer em relação ao decidido no encontro que começou no final da manhã e se estendeu até o início da tarde, no mesmo local: de concreto, só a rejeição a qualquer aliança com o prefeito Duciomar Costa, conforme o Espaço Aberto informou.
No mais, continua o impasse entre o PSDB lançar uma candidatura própria e formalizar uma aliança com o DEM da ex-vice-governadora Valéria Pires Franco. O partido, segundo expressão usada por um tucano que se demonstrava exausto, depois de tantas discussões, está “num dissenso”.
“Dissenso” é termo castiço que o tucanês elegeu para significar “racha”. Ou, se assim preferirem, há divergências profundas, claras, frontais entre um grupo que defende a candidatura própria e outro que defende uma aliança os democratas de Valéria.
A reunião teve vários momentos tensos, muitíssimo tensos. O auge ocorreu por volta das 20h, quando o senador Mário Couto abandonou a reunião e não mais retornou. O parlamentar, que externou claramente seu posicionamento em favor de uma aliança que o DEM, deixou irritado o escritório do senador Flexa Ribeiro. Ele entendia que seria extremamente deselegante e desconfortável convocar, para comparecer à reunião, qualquer tucano que eventualmente poderá ser o candidato do partido, caso vingue a tese da candidatura própria.
O senador considerava que tal procedimento deixaria todos os presentes numa situação constrangedora para externar seus posicionamentos – contrários ou favoráveis à candidatura própria -, diante de companheiros que eventualmente venham a ser candidatos.

“Fato novo”
Quem conhece o temperamento de Mário Couto, quem testemunhou os embates verbais que travou – em tucanês nem tão castiço, desta vez – com o ex-governador Simão Jatene durante a reunião e quem constatou a irritação com que abandonou o encontro é capaz de apostar que o senador ainda poderá, digamos, “criar algum fato” para externar sua insatisfação, caso a decisão que vier a ser oficializada pelo PSDB, sabe-se lá quando, não contemple as expectativas do senador.
Na parte vespertina da reunião, logo depois de se decidir que o partido não fará mesmo coligação com o PTB do prefeito Duciomar Costa, foram de saída mencionados os nomes do deputado federal Zenaldo Coutinho e do arquiteto Paulo Chaves - ex-secretário de Cultura por 12 anos e militante histórico do PSDB – como nomes capazes de encabeçar um chapa do PSDB a prefeito de Belém em outubro.
Zenaldo, confirmando posicionando que externou publicamente ao blog, repetiu que não tem interesse em disputar o pleito. Mas topou pensar no assunto durante a tarde para responder à noite. E a resposta foi a de que não pretende mesmo ser candidato a prefeito.
Chamou-se então Paulo Chaves para ir até o local da reunião. O ex-secretário deixou claro que não alimenta a expectativa de ser candidato e numa pautou sua atuação como secretário de Cultura como alguém obcecado por ser candidato a prefeito de Belém. Mas acrescentou que concorda, sim, em colocar seu nome à disposição do partido para que avalie a conveniência e a viabilidade de concorrer à prefeitura com candidato próprio.
O ex-secretário, que não demorou muito na reunião, procurou ressaltar em sua exposição aos colegas - segundo depoimentos de alguns deputados que estavam na reunião – o entendimento de que o PSDB, por sua história no Estado, pelos 12 anos em que governou o Pará e pela bancada parlamentar que formou, mesmo tendo perdido a eleição de 2006, não pode arriar a bandeira e se reduzir à condição de coajuvante neste processo eleitoral. Para evitar quaisquer interpretações de que poderia estar pessoalmente interessado em interferir no que viesse a ser decidido, Paulo voltou para casa antes mesmo de a reunião terminar.

Os prós e contras
O Espaço Aberto conversou com um tucano favorável à aliança com o DEM de Valéria e outro favorável à candidatura própria.
O que defende uma aliança com o DEM, tendo a ex-vice-governadora como cabeça de chapa, aponta Valéria como “uma revelação na política e uma candidata com potencial suficiente pelo menos para passar ao segundo turno”. O pró-aliancista diz mais: “O índice de rejeição dela é muito baixo. E mais: Valéria sempre foi honesta conosco do PSDB. Está fazendo sua pré-campanha sozinha. Sempre tratou com a maior lealdade o Jatene. E tem potencial de votos. Isso tudo mostra que o caminho mais adequado é uma aliança com o DEM”, resume o tucano. Acrescenta ainda que se o partido lançar uma candidatura própria sem densidade eleitoral acabará, indiretamente, ajudando a candidatura do prefeito Duciomar Costa.
O outro tucano, favorável à candidatura própria, alega que o PSDB, por sua história e pelas obras que inclusive realizou em Belém, tem condições plenas de ter um representante como cabeça de chapa. Lembra ainda a mais recente pesquisa eleitoral revela uma massa de 20% a 30% de eleitores indecisos. “Esse contingente eleitoral está crescendo. Isso demonstra que as pessoas estão em busca de novidade, que não estão satisfeitas com os nomes que estão postos. A tendência é de que o número de indecisos cresça. É nesse vácuo onde, justamente, o PSDB poderá crescer”, diz o tucano.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mais do que apostar na massa eleitoral de 30% de indecisos, quem está 100% indeciso são os próprios tucanos.
Parecem aquela famosa figurinha do cachorrinho que caiu do caminhão da mudança.
Cairam do governo e agora não se acham, não sabem onde estão nem para onde ir.
Achar que tem nomes para candidatura própria é não reconhecer suas limitações; correm sério risco de disputar a lanterna.
Com André Dias irão para a 3ª divisão; com Paulo Chaves talvez fiquem na 2ª onde estão.
Paulo Chaves não tem densidade na periferia, é desconhecido e seria "metralhado" como autor de "obras para ricos" (o que não tem nada a ver, mas certamente será munição para os ultra-radicais que bem conhecemos).
Parece mais honroso PC sair como vice na chapa de Valéria, onde a chance de vitória, quem sabe num segundo turno, parece mais palpável.
Técnicamente é um profissional capacitado.
Apresentar um programa de governo realista para Belém, longe das eternas e manjadas promessas mirabolantes, já seria um bom diferencial.
Se a tucanagem descer do pedestal (de barro) e sair da redoma (quebrada), trocar as pantufas de penas de pavão (descoloridas e rotas)e pisar no chão da realidade com sandálias da humildade, quem sabe não surja uma carta nova, alternativa, diferente, fora desse tão encardido baralho de "figuras" manjadas e sem compromisso sério com Belém?
Vamos esperar.
Mas que Belém precisa urgente de algo novo, ah isso é verdade!

Anônimo disse...

Quem conhece o senador Mário Couto saber muito bem o que ele é capaz de fazer pra conseguir o que quer.
"Criar um fato novo" para alimentar uma situação de desagregação caso o resultado das negociações não atendam à suas expectativas políticas pessoais seria fichinha, perto do que ele fez com Almir Gabriel nas últimas eleições.
Onde já se viu um candidato ao senado ser mais votado nos municípios que o candidato ao governo?
Onde já se viu um senado ter mais votos que o candidato ao governo do estado?
O resultado das eleições de 2006 [1º turno: Almir 1.370.272/ Mário Couto 1.456.587] e as negociações que se seguiram após o 2º turno para eleição da presidência da Assembléia Legislativa respondem a essas perguntas, e é bom que fique claro que fazer de Mário Couto senador da república foi decisão imparcial de Almir Gabriel.
Uma vez senador, sua meta agora é clara: se eleger governador!!!