quinta-feira, 22 de maio de 2008

PF já sabe quem comprou facões para índios em Altamira

No AMAZÔNIA:

A Polícia Federal de Altamira já sabe quem comprou, no comércio local, os facões usados pelos índios caiapós para agredir o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernando Rezende, durante encontro em Altamira que discutia a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu.
A PF informa que ainda não divulgará nomes para não aumentar a tensão na cidade, mas já abriu inquérito para investigar a agressão ao engenheiro e não descarta responsabilizar as entidades que organizam o evento, que podem ter se omitido diante o incidente ou até mesmo agido para que o fato acontecesse, o que só vai ser informado depois das investigações.
O delegado federal Eduardo Jorge informou à reportagem que o inquérito que apura o caso já está instaurado, sob o número 073/2008, e que a PF possui muitas informações sobre as cenas de violência ocorridas na última terça-feira, no encontro Xingu Vivo para Sempre. Segundo ele, a polícia está analisando as imagens gravadas por emissoras de TV locais. 'Estamos analisando os vídeos para identificar os agressores', informou, acrescentando que a análise destas fitas poderá indicar quem incentivou os indígenas a partir para cima do engenheiro da Eletrobrás e qual índio foi o responsável pelo corte de 15 centímetros no braço direito de Paulo Fernando.
Na terça-feira, o engenheiro falava sobre o projeto, defendendo a construção da hidrelétrica, quando integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) começaram a pedir aos índios que partissem para a guerra. Os caiapós, liderados pela índia Tuíra, derrubaram Paulo Fernando, rasgaram a camisa dele e o espancaram por cerca de cinco minutos. Ele ficou ferido no braço e foi levado a um hospital. O engenheiro registrou ocorrência na delegacia de Polícia Federal e ainda na noite de terça foi para o Rio de Janeiro, onde reside. Segundo a Polícia Federal, Paulo Fernando vai prestar depoimento por escrito e foi liberado para viajar por motivos de segurança.
O delegado Eduardo Jorge diz que na próxima semana a PF poderá dar mais detalhes sobre as investigações, que estão transcorrendo em sigilo para evitar que o clima de tensão aumente na cidade. 'Estamos identificando os autores da agressão e a possível contribuição - por omissão ou por ação -, dos organizadores do evento. Vamos ver até que ponto eles podem ser responsabilizados por isso', disse o delegado, que pondera que no momento ninguém pode ser apontado como culpado pelas agressões, somente depois das investigações, mas que a PF vai investigar se entidades ou pessoas isoladas estão se aproveitando da condição dos índios e os usando para fazerem prevalecer os seus interesses (das entidades).
O que mais intrigou os policiais que acompanham o caso é que os facões usados pelos índios no evento são todos novos, comprados recentemente. Os facões foram usados como armas contra o engenheiro Paulo Fernando, o que levantou a suspeita de que alguma pessoa ou entidade tenha armado os índios. A PF conseguiu descobrir onde os facões foram comprados e por quem. 'Estamos sendo cautelosos, não podemos divulgar nomes antes de ouvir os envolvidos', diz, informando que o responsável pela compra dos facões terá que dar explicações à polícia e provar que não tinham a intenção de armar os indígenas.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Certamente os estúpidos que compraram os facões vão dizer que estavam com a melhor das boas intenções; que estavam apenas ajudando os tadinhos dos índios com seus "instrumentos de trabalho".
Aliás, um delegado da PF já se manifestou mais ou menos nesses termos.
Que tal?
Pergunta se lá em Brasília, em audiência com Lula, esses mesmos índios portariam esses facões novinhos?
Portar facões em um encontro para debater idéias não combina lá muito, não?
Ir para um encontro e já no começo manifestar agressividade e incitar índios "para a guerra" (como foi presenciado) é de alguém que esteja disposto a ouvir e ser ouvido?
Esse cenário tinha tudo para dar errado, e deu, infelizmente.