sábado, 24 de maio de 2008

Do publicitário e jornalista Chico Cavalcante, sobre a postagem Ascensão e esquecimento:

Orly,
obrigado; Dinah, obrigado.
Que bom que esse trabalho está despertando a positividade do reconhecimento e não a negatividade da crítica pela crítica. Estou dedicado a fazer desse trabalho para o PT nacional uma vitrine não apenas do meu trabalho ou do trabalho da agência que fundei quando sai da Griffo - estimulado pelo exemplo bem-sucedido que você, Nélio e Natsuo construíram - mas para o profissionalismo com que fazemos comunicação nessas paragens onde a Amazônia começa e o esquecimento, por vezes, embota completamente a percepção de continuidade que a vida precisa ter.
Temos grandes criativos, ótimas produtoras de áudio e vídeo, mas estamos confinados a um nicho que nos serve de fronteira intransponível. Temos, sim, que mostrar que essa gente paraoara tem o seu valor. Meu texto sendo lido por Dilma Rousseff, por Ricardo Berzoini, pelo Ministro Marinho ou por Marta Suplicy, em rede nacional, tem o sotaque de todos os paraenses.
Outro dia um amigo, gaúcho, marketeiro experiente, me indagou como quem indaga sobre as inimagináveis ruas ladeadas de mangueira que enchem nossos olhos de verde: "Chico, como é que Belém pode ter produzido profissionais de marketing político tão bons? Você é acima da média nacional e há outros aqui. Como é que surgiu esse fenômeno?". Pensei por um segundo. Pensei em você, no Pedro Galvão, no Mendes, no Cecim, no Glauco, na Vera Paoloni - que tive a sorte de reencontrar e trazer para trabalhar comigo... E então disse a ele: "Creio esse "acaso" que tem a ver com a qualidade de cultura, de nossa literatura, de nosso jornalismo, de nossa política baseada no enfrentamento de conceito (Lemos X Sodré, para ficarmos num exemplo), da publicidade brilhante que foi inaugurada aqui pela ação visionária de Osvaldo Mendes; na ousadia de uma gente que desafiou o império a partir das cabanas ribeirinhas.
Somos um povo cheio de histórias, de imagens superlativas, de construções gramaticais que lembram o português castiço. Isso nos dá um rigor com a língua e com o texto que não se vê por aí. Além disso, somos herdeiros da ousadia cabana porque, como dizia Marx, nada temos a perder a não ser nossos grilhões.
Grande abraço e eu vou voltar ao trabalho porque não há caminho mais curto para a felicidade do que fazer, fazer e fazer de novo aquilo que a gente gosta.

Chico.

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