Na ÉPOCA:
Uma outra ilha é possível?
A primeira lição que um viajante com destino a Cuba precisa aprender é que vai chegar a uma ilha onde coexistem dois países bem diferentes. No controle de imigração do Aeroporto José Marti, na capital Havana, há 22 guichês de atendimento. Em cada um deles, um funcionário uniformizado tira os olhos da TV ou do livro para verificar cuidadosamente os papéis de quem chega: vistos, data de saída prevista, endereço na ilha, motivo da viagem. É quase um atendente para cada passageiro do vôo que partiu de Santiago, no Chile, com destino a Miami e escala em Havana. O viajante pode estar chegando a um país com pleno emprego e bem preparado para receber turistas ou a um Estado que emprega gente demais, inclusive para controlar a vida dos outros. É uma questão de ponto de vista, como quase tudo que diz respeito a Cuba.
Na Havana dos turistas, a moeda é forte, as pessoas têm acesso a comodidades da vida moderna, as comunicações são livres, embora sofríveis, os hotéis são de primeira linha. Na ilha dos cubanos, a moeda é o velho peso. São necessários 25 pesos “nacionais” para se trocar por um “conversível”, o que torna o salário médio de 400 pesos antigos uma fantasia. O abastecimento de comida é instável, o transporte é caótico, a gasolina é racionada, faltam casas e sobram proibições, inclusive de acesso à internet. Por definição, os turistas podem entrar e sair de Cuba. Os cubanos, não.
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