sábado, 12 de janeiro de 2008

Belém, cabocla amazônida



A metrópole da Amazônia completa 392 anos em grande estilo e simboliza momento de confraternização dos paraenses que neste dia festejam o aniversário da Cidade das Mangueiras. A Coroa Portuguesa incumbiu ao Capitão-mor Francisco Caldeira Castelo Branco a fundação de um povoado na foz do Rio Amazonas para proteger o território contra invasões de ingleses, franceses e holandeses. Esse povoado, antes habitado por índios Tupinambás, deu origem a Belém.
Belém é uma cidade tão especial que merece sempre ser presenteada, numa reverência permanente à beleza e a importância histórica dessa verdadeira "musa dos trópicos". A capital paraense é um lugar rico de histórias e cultura. Amo Belém, suas mangueiras, suas praças, seu povo e sua gastronomia insuperável. Um apoio fundamental para que muitas declarações de amor possam ser proferidas a esta cidade dos aromas e sabores, dos encantos e dos recantos que a fazem única, uma jóia rara em meio ao rico tesouro amazônico.
Belém chega ao frescor de quase quatro séculos se rendendo a um dos recantos mais bonitos da Amazônia. Esta cidade é daqueles lugares em que a paixão brota ao primeiro olhar. Guardando ainda características de uma província, é um convite irrecusável ao contato direto com a brisa ribeirinha, do Mangal das Garças, da Estação das Docas, do chope do Amazon Beer, do Pólo Joalheiro, da Casa das Onze Janelas que ganha admiradores ao redor do mundo, com um cenário típico da aprazível Região Amazônica.
Nossa capital é também conhecida como "Belém Sorriso", um título que resume a hospitalidade de seu povo e os encantos que seduzem moradores e visitantes. Nossa Belém cresce ao sabor de um comércio forte, do turismo, da comercialização de artesanato e das indústrias que aqui se instalam, criando uma atmosfera propícia a novos horizontes. Belém convida você a um olhar especial, debruçado em uma das mais charmosas janelas para o rio. Na contextualização dos estudiosos juntam-se à criatividade, à sensibilidade e à sabedoria popular, resultando em título como "Cidade das Mangueiras" - a forma poética que o povo encontrou para expressar seu carinho pela metrópole.
Entre seus tesouros, Belém ainda guarda exemplares de um estilo arquitetônico que imprimiu no cenário de nossa capital e de seus belos casarões, como o Theatro da Paz, a Catedral de Belém, a igreja do Carmo, a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, o Palacete Pinho, o Paris N'América e o Palacete Bolonha, que foi um presente dado pelo arquiteto Francisco Bolonha à sua esposa, obedecendo aos padrões de elegância e refinamento das cidades européias. Vivia-se, afinal, o apogeu do ciclo da borracha, quando o dinheiro farto que brotava dos seringais trouxe o "glamour" da Europa para a Amazônia.
O declínio da exploração da borracha significou a decadência de muitos desses casarios e chalés. Muitos deles sofrem ainda com a ação do tempo. Mas o povo hospitaleiro, trabalhador, religioso e festivo, acorda cedo para labutar. Hoje, o povo paraense olha para o céu, tenta contar as estrelas, saboreando este momento inesquecível, admirando esse rio que é minha rua (coisas do Rui e Paulo André Barata), do sabor açaí, das mangas que caem sopradas pelo vento ou pela inevitável chuva das 3 horas (estamos na era da globalização).
Belém nasce da confluência do rio com a Baía, a oferecer a seus visitantes momentos de pura sintonia com a natureza. A "mãe de todas as águas", debruçada na janela, aprecia esse encontro. Belém ainda guarda a tranqüilidade da vida levada ao sabor das marés.

Sergio Barra é médico e professor
sergiobarr9@gmail.com

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