Gilberto Pinheiro: troca de favores com Alcolumbre para beneficiar ex-servidora do TJ do Amapá, segundo reportagem (foto extraída de matéria da revista Veja) |
A nova edição da revista Veja, disponível nesta sexta-feira (8), dá destaque a uma tabelinha, digamos assim, no mínimo inapropriada entre um senador e um desembargador.
O senador é Davi Alcolumbre (DEM), ex-presidente do Senado e atual presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça, que até agora não se dignou sabatinar André Mendonça, mais de dois meses depois da indicação dele, pela Presidência da República, para ocupar o cargo de ministro do Supremo.
O desembargador é Gilberto Pinheiro, atual corregedor do Tribunal de Justiça do Amapá. Amapaense de nascimento, ele fez boa parte de sua carreira no serviço público e na magistratura no estado do Pará, onde desempenhou as funções de delegado de Polícia, bacharelou-se pelo então Cesep e pela UFPA e atuou como juiz de Direito e juiz Eleitoral.
Com base num áudio que obteve, a revista revela uma gravação em que o parlamentar combina com uma mulher a melhor forma de lhe pagar um salário sem que ela precisasse trabalhar. O dinheiro seria debitado dos vencimentos que Alcolumbre, então deputado federal, recebia da Câmara.
Longe de ser um ato de benemerência, o ato, de acordo com Veja, atendia ao pedido de um amigo de Alcolumbre, o desembargador Gilberto Pinheiro, que precisava resolver, com relativa urgência, uma questão pessoal envolvendo Tatielle Pereira de Castro, a mulher que aparece no áudio e que era funcionária do TJ do Amapá. "Ela trabalhou durante quase dois anos no tribunal, até que surgiram certos rumores sobre a natureza dessa proximidade, o que acabou resultando em sua exoneração", afirma textualmente a reportagem.
Auxílio-desemprego - Para não deixar a ex-funcionária desassistida, o desembargador pediu ao senador que patrocinasse uma espécie de auxílio-desemprego para Tatielle. Foi quando os dois - Alcolumbre e Tatielle - se encontraram para combinar os detalhes de como essa ajuda seria operada. Sem que o senador soubesse, Tatielle gravou a conversa. Nela, o congressista se compromete a pagar uma mesada à ex-funcionária do TJ durante dois anos, incluindo férias e décimo terceiro - mas tudo de maneira informal, às escondidas. Além disso, atendendo a um outro pedido do amigo desembargador, Alcolumbre se compromete a ajudar a comprar um carro para Tatielle.
A conversa gravada levanta suspeitas de relações impróprias entre autoridades, troca de favores, nepotismo cruzado e mau uso do dinheiro e das funções públicas. Ao negociar a mesada com Tatielle, por exemplo, o senador cita que o valor seria correspondente ao que sua esposa, Liana Gonçalves de Andrade, iria receber como funcionária do mesmo TJ-AP.
Procurado pela revista, o desembargador Gilberto Pinheiro, que é presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, não quis se manifestar. Tatielle disse que não se recorda de ter conversado com o senador e afirma que não recebeu dinheiro algum. Por meio de sua assessoria, Davi Alcolumbre informou que desconhece o assunto.
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