quinta-feira, 7 de outubro de 2021

As lágrimas de um repórter contrastam com a selvageria dos debochados


É tocante, para dizer o mínimo, essa imagem (veja no vídeo) que viraliza aí pelas redes sociais, mostrando o repórter Kléber Teixeira, da Globo de Natal (RN), chorando numa entrada ao vivo para informar que nenhuma morte por Covid-19 fora registrada num hospital da capital potiguar nos últimos 30 dias.
Repórteres, por mais incrível, inacreditável e estranho que possa parecer, são seres humanos.
E choram, portanto.
Simplesmente choram, ao vivo e em cores, quando se emocionam em certas circunstâncias.
Têm motivos bastantes pra chorar sobretudo os repórteres que, como Teixeira, ainda estão na linha de frente por quase dois anos, na cobertura dessa pandemia que já matou quase 600 mil pessoas em todo o País, entre elas mais de 270 jornalistas.
Kléber Teixeira foi traído, ou melhor, foi dominado pela mesma emoção - incontida, irreprimível e assoladora - que dominou tantos outros colegas tragados, por força de seu ofício, para o olho do furacão na cobertura de tragédias.
Foi o caso de Ari Peixoto, também da Globo, quando praticamente não teve condições de prosseguir numa reportagem ao citar colega jornalista que morreu na tragédia com o avião da Chapecoense, em que 71 pessoas perderam a vida, em novembro de 2016.
Também foi o caso do jornalista da SporTV Guido Nunes, que se rendeu às lágrimas ao receber um abraço de Ilaídes Padilha mãe do goleiro Danilo, outra vítima do voo da Chape.
E sobre o choro de Kléber Teixeira, registre-se, a bem da verdade e da história: ele, como milhões de brasileiros (amigos e familiares dos quase 600 mil mortos de Covid), choram porque são humanos, porque têm empatia, porque têm apego à vida, porque têm um mínimo e natural senso de humanidade.
Já os cruéis, os negacionistas, os desumanos, aqueles que, na sua função de líderes, deveriam demonstrar suficiente empatia para amenizar a dor dos brasileiros, todos esses, ao contrário, debocham, acham que ter medo da Covid é coisa de maricas e submeter-se à vacina é expor-se ao risco de virar jacaré.
Nesse sentido, as lágrimas de Kléber Teixeira são um bálsamo, porque, sendo essencialmente humanas, contrastam com a selvageria dos debochados.

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