segunda-feira, 1 de junho de 2020

Um Brasil esquizofrênico: eu tenho medo de Bolsonaro, mas também Bolsonaro tem medo de mim


Vivemos um momento de pandemia, sem dúvida.
Mas também de esquizofrenia.
Eu, por exemplo, só vejo fascistas no horizonte. Bolsonaro à frente, é claro.
Tenho medo deles. Porque fascistas, realmente, me apavoram.
Mas bolsonaristas, já descobri, têm medo de mim. Porque sabem que fascistas a mim me causam asco.
Então, é o seguinte.
Golpe por golpe, todo mundo está com medo.
Antibolsonaristas têm a clara impressão de que Bolsonaro, presa de tentações fascitas, está preparando um golpe. Só não partiu para os finalmentes (como diria Odorico) porque ainda não conseguiu convencer as Forças Armadas a lançar mão das arminhas para sepultar o regime democrático que, bem ou mal, sustenta-se no Brasil.
E os bolsonaristas?
Também acham a mesma coisa.
Acham que todos aqueles que prezam a democracia, que denunciam as tentações fascistas dos bolsonaristas e consideram Bolsonaro um incapaz - intelectualmente e moralmente - para dirigir o País estão armando um golpe para retirar do cargo o presidente eleito.
Há um detalhe, todavia, nada desprezível em meio a essa esquizofrenia: quem está no poder é Bolsonaro. Ele é que, em tese, detém alguns trunfos bem eficazes para aplicar um golpe que seu próprio filho já previu.
Por seu perfil, por sua trajetória autoritária (de quem faz apologia a torturadores), pelo desprezo ao decoro com que se porta, pela apoio explícito, escancarado e escrachado a manifestações golpistas, pelas agressões à Imprensa, por sua capacidade de manter o país em crise desde 1º de janeiro de 2019, por tudo isso e muito mais, Bolsonaro oferece há 18 meses, todo dia, o dia todo, as demonstração mais evidentes de que, sim, é um golpista frustrado.
Até ele aplicar um golpe, é claro.

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