terça-feira, 29 de setembro de 2009

Edilza desabafa em carta: ‘Fui escorraçada do governo”

O blog As Falas da Pólis, de Diógenes Brandão, disponibiliza desde esta segunda-feira a íntegra da carta em que a professora Edilza Fontes (na foto) formaliza seu desligamento da DS (Democracia Socialista), ainda que continue no PT.
Conforme o Espaço Aberto antecipou, a carta tem um teor contundente.
Diz a professora, em certo trecho: “Fui objeto de uma disputa interna na tendência, cuja finalidade serviu tão somente para resguardar candidaturas. Nada tenho pessoalmente contra o atual Chefe da Casa Civil, sr. Cláudio Puty, ou ao atual secretário de cultura, sr. Edilson Moura, candidatos ungidos como únicos capazes de representarem a DS. Minhas objeções são políticas por defender a legitimidade de qualquer candidatura parlamentar, independente da vontade suprema e absoluta de alguns e algumas.”
E diz mais: “Por conta desse claro posicionamento, fui excluída do projeto estruturado pela DS para as eleições de 2010. Escorraçada do governo que, repito, jamais deixei em constrangimento público sob quaisquer processos judiciais, e tenho sofrido também um processo violento de expurgo simbólico e real. Fui eleita para compor o GT da tendência em nossa última conferência, mas a relação que o núcleo dirigente tem tido comigo é de total desprezo às nossas tradições democráticas.”
A seguir, a íntegra da carta da professora.

-----------------------------------------

Belém, 27 de setembro de 2009.
Companheiros (as) da tendência Interna petista “Democracia Socialista”

Sou militante histórica do PT, e ajudei a construir junto com outros companheiros e companheiras a intervenção do partido em nosso Estado. Minha história de compromisso com a transformação social e com o socialismo é anterior ao próprio PT. Vem dos tempos sombrios do regime militar quando participei de um dos mais importantes agrupamentos clandestinos da esquerda nacional, o Partido Revolucionário Comunista – PRC.
Atuei de diversas formas no movimento social, nos anos mais difíceis para a democracia e a liberdade. Com denodo, ética, espírito revolucionário e seriedade, tenho a convicção que muito contribuí à história social de nosso povo, seja na luta política, seja nas experiências e tradições de classe que comunguei em minha trajetória. Sou personagem de um enredo marcado pela defesa do humanismo no seu mais radical princípio: a libertação plena da humanidade contra tudo que corrói e oprime a essência humana. Na partilha dessa experiência, tornei-me sujeito histórico plena de contradições, nas diversas faces que me fez mulher, mãe, professora e produtora de conhecimento.
Junto a essa trajetória de sujeito e ator social, galguei com meus próprios esforços, a carreira acadêmica, abraçada por mim com suor, estudo e trabalho, sem usar de recursos escusos e anti-profissionais para alcançar meus objetivos. Dediquei-me ao ofício de historiadora pontuando a carreira acadêmica na dupla missão de amar o saber, inscrevendo-o na história social militante, fazendo o possível para fugir ao script do diletantismo deletério.
Foi com esse background cultural e político que assumi cargos importantes de gestão em esferas diferentes do Estado, com transparência, ética, senso de gestão profissional e comprometida com a coisa pública, de forma eficiente e eficaz. Prova disso são as minhas contas aprovadas, sem máculas pelos organismos públicos de auditagem, desde a minha experiência de gestão na UFPA, na Fundação Cultural de Belém – FUMBEL em 1997 até a última na Direção Geral da Escola de Governo do Estado do Pará – EGPA, entre 2007 e 2009 e na Coordenação do Planejamento Territorial Participativo – PTP.
No governo do Estado, atuei de forma leal, aberta e sincera com a Governadora Ana Júlia Carepa, cuja gestão ajudei a eleger em 2006, com afinco e labor. Nos momentos críticos do governo, pautei o debate fraterno com qualidade, sem entrar no baixo joguetes de disputas fratricidas, ao mesmo tempo fortalecendo nosso projeto de governo diante dos ataques permanentes de nossos adversários internos e externos.
Na DS atuei com a mesma lealdade e tenho certeza que ajudei em muito no seu crescimento como tendência, saltando de forma qualitativa e quantitativa no PED de 2007 para uma intervenção consistente na estrutura interna do PT. A DS hoje no PT, a despeito da máquina governamental, é uma tendência em crescimento, graças às estratégias que ajudei a construir com os (as) companheiros (as).
Em torno dessas considerações é que me sinto a vontade de me dirigir aos (as) companheiros (as) para apresentar por este documento, meu pedido de desligamento da tendência. Não me sinto à vontade de continuar na tendência, após os acontecimentos do primeiro semestre, quando fui exonerada do governo, sem qualquer acusação de malversação administrativa, em nome de uma barganha política com adversários do passado recente e ainda tendo que abrir mão da coordenação de um programa que de forma apaixonada e responsável dirigi nesses 2 anos e meio de governo, o PTP.
Mais do que isso, fui objeto de uma disputa interna na tendência, cuja finalidade serviu tão somente para resguardar candidaturas. Nada tenho pessoalmente contra o atual Chefe da Casa Civil, sr. Cláudio Puty ou ao atual secretário de cultura, sr. Edílson Moura, candidatos ungidos como únicos capazes de representarem a DS. Minhas objeções são políticas por defender a legitimidade de qualquer candidatura parlamentar, independente da vontade suprema e absoluta de alguns e algumas.
Por conta desse claro posicionamento, fui excluída do projeto estruturado pela DS para as eleições de 2010. Escorraçada do governo que, repito, jamais deixei em constrangimento público sob quaisquer processos judiciais, e tenho sofrido também um processo violento de expurgo simbólico e real. Fui eleita para compor o GT da tendência em nossa última conferência, mas a relação que o núcleo dirigente tem tido comigo é de total desprezo às nossas tradições democráticas.
A título de exemplo, nunca fui consultada quanto ao papel da candidatura de Suely Oliveira no PED e sei que esse debate nunca foi aprofundado no interior da tendência. Para agravar o desrespeito dos (as) companheiros (as), fui alijada da Executiva Estadual do PT por um processo de expurgo comandado pelo GT da DS, da forma mais absurda possível, sem direito de defesa em uma reunião onde não fui avisada ser ponto de pauta a avaliação sobre minha atuação na executiva do PT, o que revela o lamentável grau de autoritarismo que tem dado substância às ações dos (as) companheiros (as).
Nesse sentido, já ficou evidente que na há mais clima para continuar na tendência. Sinto-me constrangida de ainda representar uma tendência que não tem tido o mínimo de respeito e solidariedade para com essa companheira.
Ao sair da DS, quero deixar claro que continuarei a debater com o campo da “Mensagem ao Partido”, procurando agrupar-me nesse horizonte dentro do PT. Não irei para outro partido e vou manter minha candidatura à Deputada Estadual em 2010.
Saio da DS com o dever cumprido com a tendência, com o PT e com o governo sem contas bloqueadas na justiça e limpa para com minhas obrigações de gestora pública. Agradeço a confiança depositada pelos (as) companheiros (as) ao indicar-me aos cargos públicos que assumi e sei que cumpri rigorosamente a defesa do projeto que pensamos para o nosso Estado.
Sejamos felizes, cada um em nossos caminhos, ao mesmo tempo juntos na tarefa de refundar o PT.

Saudações Petistas,
Edilza Fontes

10 comentários:

Anônimo disse...

Essa companheirada vive nisso...Acho bom a Edilza ir se juntar ao Charles Alcântara. Vivem chorando...

Anônimo disse...

Há sim foi do PRC, da troupe do do Wladimir Pomar, Humberto Cunha, Tarso Genro, e tantos outros macomunados que tentaram liquidar o PCdoB, zigzageram de um lado pro outro e agora choram porque estão sendo escorraçados de uma tendência, e ainda continua orbitando nela (Menssagem) ... é Paulo á vida dá voltas

Anônimo disse...

Isso é AUTOFAGIA, caro poster.
Cumpanheru deglutindo cumpanheru que come cumpanheru que comeu cumpanheru.
Tudo pelo poder.
Tudo igual.
Todos iguais.
O povo que se lixe.

Anônimo disse...

Ridícula a atitude dessa mulher: brigando por cargo.

Anônimo disse...

Edilza sonha refundar o PT...outros agem afundando o partido.

Vamos ver se tem resposta, as acusações do ponto de vista politico foram muito graves, especialmente sobre perseguição de companheiros e sobre malversação de recursos, quando edilza insinua que outros estão se beneficiando da maquina publica.

Anônimo disse...

Anônimo das 07:17, tanto Charles Alcântara quanto a Edilza Fontes, são companheiros sérios que ajudaram a construir o PT. Não esse PT que agora se encontra, perdendo a sua identidade. Se você é ou não do PT - respeite a história gloriosa de quem muito lutou para uma democrácia e uma vida melhor para todos os cidadãos incluindo vc. Respeite quem luta e age com tranparência, quem dá a cara à tapas, às criticas sejam elas quais forem porquê não têm o que temer nem o que esconder, pessoas éticas e probas, dignas de louvor e quem nos dera houvessem mais pessoas assim participando de partidos e da política de nosso estado e do pais com certeza estariamos bem melhor!

Anônimo disse...

Anônimo das 12:59, sugiro que releia a carta da Professora Edilza, para que possa melhor entendê-la. Ela não briga por cargo no governo, ela simplesmente optou em seguir outro caminho e por ísso foi duramente castigada. A grandeza do seu gesto foi justamente não se sujeitar à caprichos de A ou B. e seguir naquílo que acredita. Parabéns a Professora, militante, mulher, parabéns, continue em frente!

Anônimo disse...

Caro anônimo das 19:31, veja como é fantástico o poder da interpretação e da comunicação. Cada pessoa com a sua percepção! por exemplo, não interpretei como acusação e nem insinuação o que a Professora Ediza relata, mas sim, uma narração sincera do que se passou com ela que é a pura verdade, e se você é companheiro(a) sabe muito bem que foi exatamente isso que aconteceu. E sabe o que nos toca e nos incomoda? é que a companheira mexeu com a gente, nos acordou para um fato que não podemos mais permitir: "dormir", "fingir","fazer vistas grossas". Se não resgatarmos o PT agora, nunca mais será o mesmo! é hora de botar a mão na cabeça e se perguntar: o que estou fazendo para mudar? com que estou contribuindo? é esse PT que queremos? devemos muito sim a companheira Edilza e não podemos perder companheiros(as)valorosos(as) como ela!

Anônimo disse...

Resgatar o PT? O PT não tem mais jeito, ou melhor,mostrou a sua verdadeira cara.

Anônimo disse...

Caro anônimo das 23:42, o PT tem jeito sim! é só expurgar: Ana Júlia, Puty, Marcílio, Maurílio, Botelho, Birá, Nonato, Mauro Rodrigues,etc... esses vírus contaminaram o PT.